Intensidade energética e carbónica da economia

  • Em 2022, Portugal apresentou uma intensidade energética da economia em energia primária de 87 tep/M€(preços correntes), acima da média da UE-27 que foi de 83 tep/M€(preços correntes).
  • No mesmo ano Portugal registou uma intensidade carbónica de 0,27 kg CO2eq/M€ PIB.
  • As emissões de GEE por unidade de PIB revelam que, a partir de 2005, se iniciou um processo de “descarbonização” da economia portuguesa, ou seja, a economia nacional começou a emitir menos carbono por cada unidade de riqueza produzida.
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A ficha temática “Intensidade energética e carbónica da economia” analisa a evolução do consumo de energia e das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) face ao crescimento económico, em Portugal e na União Europeia (UE). Esta ficha afere também a emissão dos gases gerados pela produção e consumo de energia, relativamente ao seu consumo interno.

Historicamente, o crescimento económico implica um aumento do consumo de energia, elevando as pressões sobre o ambiente.

Este indicador permite reconhecer a desejada dissociação (decoupling) entre o consumo de energia e o crescimento económico. A dissociação relativa verifica-se quando o aumento do consumo de energia é mais lento do que o crescimento económico. Se o consumo de energia estabilizar ou diminuir, enquanto o PIB continua a crescer, temos a dissociação absoluta entre estas duas variáveis, associada à natural redução dos impactes negativos sobre o ambiente, e numa base de um uso mais eficiente deste recurso.

Existem evidências de que as emissões de GEE são responsáveis pelo aumento da temperatura, resultando em alterações climáticas de origem antropogénica. Tendo a UE assumido o compromisso de reduzir as emissões de GEE, a intensidade carbónica da economia permite avaliar a dissociação entre a emissão de GEE e o crescimento económico. Para alcançar esta dissociação contribuem essencialmente a eficiência no setor energético e a substituição de combustíveis de origem fóssil pelos provenientes de fontes renováveis.

A utilização de fontes de energia renováveis contribui para uma diminuição dos GEE provenientes da produção e consumo de energia, face ao consumo interno de energia.

A revisão do PNEC 2030 prevê novas metas nacionais de redução de GEE, de acordo com o previsto na Lei de Bases do Clima (LBC), e novas metas de inclusão de energia a partir de fontes renováveis, incluindo novas ações, medidas e políticas a adotar para a sua execução.

 

Conceitos

«Intensidade energética de uma economia», consiste na razão entre o consumo de energia primária e o seu Produto Interno Bruto (PIB).

«Intensidade carbónica de uma economia», consiste na razão entre as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), sem as do setor do “Uso do solo, alterações de uso do solo e florestas” (LULUCF, na sigla inglesa), e o seu PIB.

 

Contribuição para os ODS

Objetivos: 
  • Em 2016, a Comissão Europeia apresentou o Pacote Legislativo “Energia Limpa para todos” com o objetivo de promover a transição energética na década 2021-2030, e aprovou, no Regulamento (UE) 2018/1999, metas que visam alcançar, em 2030, uma quota mínima de 32% de energia renovável; 32,5% de eficiência energética; 40% de redução das emissões de GEE em toda a economia relativamente aos níveis de 1990; e 15% de interligações elétricas.
  • Nesta sequência, Portugal aprovou o Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030)[1], o principal instrumento nacional de política energética e climática para a década 2021-2030. O PNEC 2030 estabelece as seguintes metas nacionais para 2030: reduzir entre 45% e 55% as emissões de GEE, por referência às emissões registadas no ano de 2005; incorporar 47% de energia de fontes renováveis no consumo final bruto de energia; atingir uma redução de 35% do consumo de energia primária com vista a uma melhor eficiência energética; e atingir 15% de interligações de eletricidade;
  • No Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050)[2], Portugal assumiu o compromisso de assegurar a neutralidade das suas emissões até ao final da primeira metade do século.
  • Na sequência da adoção da Lei Europeia do Clima, através do Regulamento (UE) 2021/1119, a UE comprometeu-se a atingir a neutralidade climática até 2050, revendo também a meta de redução de emissões da União para 2030, para pelo menos 55%, em relação aos níveis de 1990.
  • Por forma a dar resposta a este reforço da ambição para 2030, a Comissão Europeia apresentou em julho de 2021 o pacote “Fit for 55, que levou à revisão de um conjunto de compromissos como sejam as metas de incorporação de energias renováveis e eficiência energética da União.
  • Em 2021, Portugal adotou a Lei de Bases do Clima, Lei n.º 98/2021, de 31 de dezembro, que entrou em vigor a 1 de fevereiro de 2022, e que confirma o compromisso para alcançar a neutralidade climática até 2050, determinando que o Governo estude, até 2025, a antecipação da meta da neutralidade climática, tendo em vista o compromisso da neutralidade climática o mais tardar até 2045. Estabelece, ainda, metas nacionais de redução de emissões, em linha com as trajetórias anteriormente estabelecidas no RNC2050, visando uma redução das emissões de GEE em, pelo menos, 55% até 2030; 65% a 75% até 2040; 90% até 2050; bem como um sumidouro líquido de CO2eq. do setor LULUCF de pelo menos 13 milhões de toneladas, entre 2045 e 2050.
  • No final de 2023, aquando da 28.ª Conferência das Partes (COP) da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (CQNUAC), Portugal assumiu o compromisso de antecipar a meta de neutralidade climática para 2045.

 

Análise da evolução:

Intensidade energética da economia

De acordo com os dados provisórios disponibilizados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) constata-se que, em 2022, a intensidade energética da economia em energia primária situou-se em 101 tep/M€'2016 (menos 3,8% face a 2021) e a intensidade energética da economia em energia final foi de 78 tep/M€2016 (menos 4,9% face a 2021). Já a intensidade energética da economia em eletricidade situou-se em 234 MWh/M€2016 (menos 4,1% face a 2021).

Em termos de intensidade energética por setor de atividade, em 2022, o setor da “agricultura e pescas” registou uma intensidade energética de 126 tep/M€2016 (menos 1,6% face a 2021), o setor da “indústria” 120 tep/M€2016 (menos 4,0% face a 2021), o setor dos “transportes” 28 tep/M€2016 (igual a 2021), o setor “doméstico” 22 tep/M€2016 (menos 8,3% face a 2021), enquanto o setor dos “serviços” registou uma intensidade energética de 17 tep/M€2016 (igual a 2021).

Salienta-se que estes dados são calculados pela DGEG utilizando o PIB a preços de 2016, enquanto os dados Eurostat, abaixo representados graficamente, utilizam o PIB a preços correntes, não sendo, por isso, comparáveis entre si.

 

Última atualização: 
Terça, 25 Junho, 2024