Portugal apresentou em 2017 uma intensidade energética de 104,6 tep/M€, enquanto a média da UE-28 foi de 111,8 tep/M€. A intensidade energética tem vindo a decrescer substancialmente, tanto em Portugal como na UE-28.
Intensidade energética e carbónica da economia
A ficha temática “Intensidade energética e carbónica da economia” analisa a evolução do consumo de energia e das emissões de gases com efeito de estufa face ao crescimento económico, em Portugal e na UE-28. Esta ficha afere também a emissão dos gases gerados pela produção e consumo de energia, relativamente ao seu consumo interno.
A intensidade energética de uma economia consiste na razão entre o consumo interno de energia e o seu Produto Interno Bruto (PIB). Historicamente, o crescimento económico implica um aumento do consumo de energia, elevando as pressões sobre o ambiente.
Este indicador permite reconhecer a desejada dissociação (decoupling) entre o consumo de energia e o crescimento económico. A dissociação relativa verifica-se quando o aumento do consumo de energia é mais lento do que o crescimento económico. Se o consumo de energia estabilizar ou diminuir, enquanto o PIB continua a crescer, temos a dissociação absoluta entre estas duas variáveis, associada à natural redução dos impactes negativos sobre o ambiente.
Existem evidências de que as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) são responsáveis pelo aumento da temperatura, resultando em alterações climáticas de origem antropogénica. Tendo a UE assumido o compromisso de reduzir as emissões de GEE, a intensidade carbónica da economia analisa a dissociação entre a emissão de GEE e o crescimento económico. Para alcançar esta dissociação contribuem essencialmente a eficiência no sector energético e a substituição de combustíveis de origem fóssil pelos provenientes de fontes renováveis.
A utilização de fontes de energia renovável contribui para uma diminuição dos GEE provenientes da produção e consumo de energia, face ao consumo interno de energia.
Esta ficha temática diz respeito a Portugal e será atualizada anualmente.
- Acelerar a convergência da intensidade energética nacional para os níveis europeus, estimulando a utilização de tecnologias mais eficientes [Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética - PNAEE 2016];
- Em 2016, reduzir o consumo energético em aproximadamente 8,2% relativamente à média do consumo final de energia verificada no período entre 2001 e 2005, o que se aproxima da meta definida pela UE de 9% de poupança de energia até 2016 [PNAEE 2016];
- Meta geral de redução de 25% e meta específica para a Administração Pública de redução de 30% do consumo de energia primária até 2020 [PNAEE 2016];
- No âmbito do quadro de ação da UE relativo ao clima e à energia para 2030, foi definida, em outubro de 2014, a meta não vinculativa de redução do consumo de energia em pelo menos 27% em relação às projeções do consumo futuro de energia com base nos critérios atuais.
- O Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC 2020/2030) define os seguintes objetivos:
- Assegurar uma trajetória sustentável de redução das emissões nacionais de GEE de forma a alcançar metas de -18% a -23% em 2020 (68-72 Mt CO2e) e de -30% a -40% (52,7-61,5 Mt CO2e) em 2030, em relação a 2005, garantindo o cumprimento dos compromissos nacionais de mitigação e colocando Portugal em linha com os objetivos europeus e internacionais;
- Assegurar objetivos de redução nos sectores não-CELE traduzidos nos seguintes objetivos sectoriais:
Objetivos sectoriais do PNAC para sectores não-CELE, face a 2005:
Sector não-cele | 2020 | 2030 |
---|---|---|
Serviços | -65% | -69% |
residencial | -14% | -15% |
transportes | -14% | -26% |
agricultura | -8% | -11% |
resíduos* | -14% | -26% |
* inclui águas residuais
- Adicionalmente, Portugal assumiu o compromisso de assegurar a neutralidade das suas emissões até ao final da primeira metade do século.
De acordo com os dados provisórios disponibilizados pela DGEG, constata-se que, em 2017, a intensidade energética da economia em energia primária situou-se em 125 tep/M€'2011 (+0,8% face a 2016) enquanto a intensidade energética da economia em energia final foi de 87 tep/M€'2011 (-1,1% do que em 2016). Por outro lado, a intensidade energética da economia em eletricidade situou-se em 265 MWh/M€'2011 (-1,8% face a 2016).
Em termos de intensidade energética por sector de atividade, em 2017 o sector da Indústria registou uma intensidade energética de 145 tep/M€'2011 (-1,4% face a 2016), o sector da Agricultura e Pescas 134 tep/M€'2011 (-5,6% face a 2016), o sector dos Transportes 32 tep/M€'2011 (-3,1% face a 2016), o sector Doméstico 22 tep/M€'2011 (-4,3% face a 2016) enquanto o sector dos Serviços registou uma intensidade energética de 16 tep/M€'2011 (o mesmo que em 2016). Salienta-se que os dados disponibilizados pela DGEG são calculados utilizando o PIB a preços de 2011, enquanto o gráfico da figura anterior (dados Eurostat) utiliza o PIB a preços de 2010, não sendo comparáveis entre si.
Intensidade energética do PIB, em Portugal e na UE-28
Consumo interno bruto de energia, em Portugal e na UE-28
Relativamente ao consumo interno bruto de energia, observou-se uma evolução semelhante em Portugal e na UE-28: descida no consumo energético entre 2006 e 2014 (exceto em 2010 na UE-28), seguindo-se um aumento nos últimos três anos.
Intensidade carbónica da economia, em Portugal e na UE-28
Uma análise das emissões de gases com efeito de estufa por unidade de PIB permite verificar que, a partir de 2005, se iniciou um processo de “descarbonização” da economia portuguesa, ou seja, a economia nacional começou a emitir menos carbono por cada unidade de riqueza produzida. Esta tendência, que é anterior à crise económica que teve início em 2008, deve-se a vários fatores, nomeadamente a alterações do modelo energético nacional para formas de energia menos intensivas em carbono, como seja a utilização de gás natural; a gradual implementação de biocombustíveis nos transportes; o crescimento significativo da energia produzida a partir de fontes de energia renovável (principalmente eólica e hídrica); e a implementação de medidas de eficiência energética.
No entanto, em 2015 assistiu-se a um aumento de 6,6% das emissões de GEE nacionais, retomando os níveis de 2011, aumento que está principalmente relacionado com o crescimento do sector electroprodutor, o que implicou um aumento da intensidade carbónica da economia, contrariando a tendência decrescente verificada na última década. Em 2016, as emissões nacionais diminuíram 2,6%.
Portugal continua a mostrar valores superiores à média da UE-28, apresentando em 2016, uma intensidade carbónica de 0,39 kg CO2e/€PIB, enquanto na UE-28 este valor foi de 0,31 kg CO2e/€PIB.
Intensidade da emissão de GEE relativa ao consumo de energia, em Portugal e na UE-28
As alterações do modelo energético nacional para formas de energia menos intensivas em carbono tornam-se evidentes quando se analisa a evolução das emissões de GEE provenientes da produção e consumo de energia, face à energia interna consumida. Desde 2000, tanto Portugal como a UE-28 apresentam uma tendência descendente, indicando que as emissões de GEE têm diminuído face à energia consumida.
No entanto, em Portugal o decréscimo da intensidade de emissões parece ter estagnado após 2010, apresentando inclusivamente subidas em 2012 e 2015, situação que está em parte relacionada com a maior utilização de carvão pelas centrais térmicas, em resultado dos baixos preços deste combustível e das licenças de emissão de CO2. Nos anos em que se verificou muita precipitação, como 2010, 2011 e 2013, a energia produzida a partir de fontes de energia renovável (principalmente hídrica) foi maior, facto que ajuda a explicar o menor valor das emissões de GEE provenientes da produção e consumo de energia nesses anos.
Direcção-Geral de Energia e Geologia – www.dgeg.pt
Agência Portuguesa do Ambiente – www.apambiente.pt