Energia e Clima

O 5.º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) assume, com base em evidências científicas e de forma inequívoca, que as alterações climáticas estão a acontecer, são causadas pela intervenção humana no ambiente e vão continuar a intensificar-se.

O IPCC destaca ainda a enorme probabilidade das emissões de gases com efeito de estufa serem a causa dominante do aquecimento global observado. Indissociáveis desta realidade estão a produção e consumo de energia, essenciais para o funcionamento das sociedades humanas, mas responsáveis pelo forte aumento de muitas das pressões exercidas sobre o ambiente, tais como a emissão de poluentes atmosféricos e de gases com efeito de estufa, a geração de resíduos e mesmo a ocorrência de acidentes ambientais de larga escala.

A imprescindível e cada vez mais urgente redução da dependência de combustíveis fósseis, através do incentivo à transferência para fontes de energia alternativas, limpas e sustentáveis, e da imposição de metas de eficiência energética, só pode ser levada a cabo se apoiada em instrumentos de política robusta, que abordem estas questões de forma sistémica e a longo prazo.

Por outro lado, o aumento da ocorrência de eventos extremos, tais como ondas de calor, secas e cheias, demonstram a significativa vulnerabilidade e exposição à variabilidade climática de alguns ecossistemas e de muitos sistemas humanos.

Portugal encontra-se entre os países europeus com maior potencial de vulnerabilidade aos impactes das alterações climáticas, mas a gravidade dos riscos associados pode ser reduzida, através da implementação de medidas de limitação das emissões e adaptação a estes fenómenos.

 

Fichas temáticas

  • Emissões de gases com efeito de estufa
    • Em 2022, as emissões de GEE, sem contabilização das emissões do “Uso do solo, alterações de uso do solo e florestas” (LULUCF), foram estimadas em cerca de 56,4 Mt CO2eq., representando um decréscimo de 4,4% e 34,5% face a 1990 e 2005, respetivamente.
    • Incluindo o setor LULUCF, as emissões registaram um ligeiro crescimento de 0,3% relativamente a 2021, sendo o total estimado das emissões de GEE de 50,5 Mt CO2eq., o que corresponde a menos 23,6% face a 1990 e menos 43,7% face a 2005.
    • O setor da “Energia”, incluindo os “Transportes”, representou, em 2022, 67,2% das emissões nacionais. Neste setor, os “Transportes” e a “Produção e transformação de energia” são as fontes de emissão mais importantes, representando respetivamente 30,3% e 14,9% do total das emissões nacionais.
    • Os setores da “Agricultura”, dos “Processos industriais e uso de produtos” e dos “Resíduos” representaram, respetivamente, 12,3%, 10,4% e 10,0% do total de emissões de 2022.
    • A redução das emissões do setor da “Energia” verificada desde 2017 (redução de 66 % de 2017 para 2021) resultou maioritariamente do fim da produção de eletricidade a partir do carvão (que terminou definitivamente no final de 2021), da transição para o uso de gás natural e doo crescimento do contributo das fontes renováveis para a produção elétrica.
    • O GEE com maior representatividade é o CO2, com cerca de 72% do total das emissões nacionais, em resultado da importância do setor da “Energia” e do uso de combustíveis fósseis.
  • Precipitação e temperatura
    • O ano de 2023 registou o nono valor mais baixo de precipitação desde 2000.
    • Registaram-se 30 novos extremos de precipitação.
    • 2023 foi o segundo ano mais quente desde 1931 com uma temperatura média do ar superior em 1,04°C ao valor normal 1981-2010 (15,55ºC).
    • Desde 1931, 2023 registou a segunda temperatura máxima mais alta e a nona temperatura mínima mais alta.
    • Registaram-se 151 novos extremos de temperatura do ar.
  • Produção e consumo de energia
    • Em 2022, o saldo importador de energia (16,68 Mtep*) apresentou um aumento de 12,2% face a 2021, enquanto a produção doméstica registou uma diminuição de 1,5% face ao ano anterior, situando-se nos 6,78 Mtep.
    • O consumo de energia final, em 2022, aumentou 2,3% relativamente a 2021, devido essencialmente ao aumento do consumo do setor dos serviços e dos transportes, que se deve em parte à retoma da atividade económica no pós-pandemia por COVID-19.
    • Para 2022, o valor para a dependência energética foi de 71,2%, sendo o aumento face a 2021 devido sobretudo ao saldo importador.

    * Mtep – milhões de toneladas equivalentes de petróleo.

  • Intensidade energética e carbónica da economia
    • Em 2022, Portugal apresentou uma intensidade energética da economia em energia primária de 87 tep/M€(preços correntes), acima da média da UE-27 que foi de 83 tep/M€(preços correntes).
    • No mesmo ano Portugal registou uma intensidade carbónica de 0,27 kg CO2eq/M€ PIB.
    • As emissões de GEE por unidade de PIB revelam que, a partir de 2005, se iniciou um processo de “descarbonização” da economia portuguesa, ou seja, a economia nacional começou a emitir menos carbono por cada unidade de riqueza produzida.
  • Energias renováveis
    • Em 2022, a produção de energia de origem renovável situou-se em 6 627 ktep*, dos quais cerca de 47,6% tiveram origem na biomassa. As bombas de calor contribuíram com 12,8% e o solar térmico com 1,7%.
    • A produção de eletricidade a partir de Fontes de Energia Renovável (FER), em 2022, situou-se nos 29 910 GWh (33 093 GWh em 2021) e a incorporação de FER para efeitos da Diretiva FER foi de 61,0%. Esta incorporação permitiu que Portugal fosse o quarto Estado-membro da UE com maior incorporação de FER na produção de eletricidade.
    • Esta produção teve origem na componente eólica (44,3%), na hídrica (29,6%), na biomassa (13,8%), na fotovoltaica (11,8%) e na geotérmica (0,7%).

    * ktep – quilo toneladas equivalentes de petróleo.