Intensidade energética e carbónica dos transportes

A ficha temática “Intensidade energética e carbónica dos transportes” analisa a intensidade energética no setor dos transportes, bem como a correspondente fração de energia renovável utilizada. Apresenta ainda os valores das emissões de gases com efeito de estufa nos transportes. 

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Descrição: 
Em Portugal os transportes representam uma parte importante do consumo de energia final, sendo o transporte rodoviário responsável pela quase totalidade desse consumo. Verifica-se ainda que os transportes terrestres são os principais responsáveis pelo consumo de produtos petrolíferos para fins energéticos, contribuindo de forma decisiva para a dependência energética do país.
 
Para reduzir esta dependência do exterior, importa reduzir, a nível nacional, a utilização de veículos rodoviários, quer por recurso aos transportes públicos quer à mobilidade suave, de modo a aumentar a eficiência energética no setor. Mas também importa promover a adoção de veículos mais eficientes e que utilizem combustíveis com melhor desempenho ambiental, destacando-se, neste contexto, os veículos elétricos.
 
Como consequência do tipo de energia utilizada, o setor dos transportes é também responsável por uma grande parte das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), exercendo fortes pressões sobre o ambiente e bem-estar humano.
 
Esta ficha temática diz respeito a Portugal continental, Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e é atualizada anualmente.
Objetivos: 
  • O Decreto-Lei n.º 84/2022 (que transpôs parcialmente a Diretiva (UE) 2018/2001) fixa a meta de incorporação de 29% de fontes de energia renovável no consumo final de energia, no setor dos transportes, até 2030, atualizando a meta anteriormente prevista no Plano Nacional Energia Clima (PNEC2030);
  • São, ainda, fixadas as seguintes quotas mínimas de energia provenientes de fontes renováveis para:
a) os transportes marítimo e aéreo:
i) a partir de 2025, 2,5%;
ii) a partir de 2027, 6%;
iii) a partir de 2029, 9%; 
             b) os transportes ferroviários: i) a partir de 2025, 75%; ii) a partir de 2030, 100%;
 
  • Os fornecedores de combustíveis estão obrigados a assegurar a incorporação de combustíveis de baixo teor em carbono para transportes, em teor energético, nas seguintes percentagens, sobre as quantidades de combustíveis rodoviários por si introduzidos no consumo: 
a) a partir de 2022, 11%; 
b) a partir de 2023, 11,5%; 
c) a partir de 2025, 13%; 
d) a partir de 2027, 14%; 
e) a partir de 2029, 16%;
 
  • Os fornecedores de combustíveis estão ainda obrigados a uma contribuição mínima anual de biocombustíveis avançados e de biogás, em teor energético, correspondente às seguintes percentagens sobre as quantidades de combustíveis rodoviários por si introduzidos no consumo, com exceção do gás de petróleo liquefeito: 
a) em 2022, 0,2%; 
b) em 2023, 0,7%; 
c) em 2025 e 2026, 2,0%; 
d) em 2027 e 2028, 4%; 
e) em 2029, 7%; 
f) em 2030, 10%;
 
Análise da evolução:
No ano de 2021 o consumo energético continuou a ser influenciado pelos efeitos da pandemia por COVID-19, que provocou alterações nos hábitos dos portugueses em todos os setores de atividade. O consumo de energia primária estabilizou face ao ano precedente, fixando-se nos 20 817 ktep. O consumo de energia final registou uma subida de 4,8% em relação ao ano de 2020, situando-se nos 16 148 ktep.
 
Neste contexto, e de acordo com os dados provisórios para 2021, a indústria e os transportes são os setores de atividade com maior consumo de energia: 30,8% e 31,6% do consumo final, respetivamente, seguindo-se o setor doméstico (18,6%), o setor dos serviços (13,3%), o setor da agricultura e pescas (3,2%), e o setor da construção e obras públicas (2,5%).
 
O setor dos transportes continua muito dependente dos combustíveis produzidos a partir do petróleo, sendo particularmente vulnerável à oscilação dos preços internacionais. Ainda de acordo com dados provisórios para 2021, 79% do consumo final de produtos de petróleo ocorreu no setor dos transportes. O consumo de gasóleo neste setor foi de 4 190 ktep, representando 86,4% do consumo total deste produto petrolífero, e o consumo de gasolinas aproximadamente 1 020 ktep (99,8% do consumo total de gasolinas).
 
Em termos de consumo energético, o setor mais afetado pela pandemia por COVID-19, em 2021, continuou a ser o da aviação civil, com uma quebra de 55% face a 2019; no entanto, relativamente a 2020, o consumo deste setor aumentou 26%. Verificou-se, ainda, um aumento do consumo no transporte rodoviário (8%) e nos setores dos serviços (4%), indústria (3%) e agricultura e pescas (2%), e a estabilização do consumo do setor doméstico. 
 
Em 2021, o consumo de petróleo e derivados nos transportes foi de cerca de 5,4 Mtep, o que representa um acréscimo de 9% face a 2020 (em 2020 tinha-se registado uma redução de 16,4% face a 2019). No transporte rodoviário, o consumo de gasóleo registou um aumento de 8,1%, o de gasolina 10% e o de GPL Auto 12,6%.
 
Os dados apresentados demonstram uma elevada dependência nacional dos combustíveis fósseis. Esforços no sentido de diminuir essa dependência terão o efeito benéfico de reduzir significativamente as emissões de poluentes atmosféricos, designadamente, as emissões de gases com efeito de estufa, um objetivo estratégico inscrito em vários instrumentos de política atualmente em vigor, em particular o Plano Nacional Energia e Clima para 2030 (atualmente em revisão) e o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050.
Última atualização: 
Quinta, 25 Maio, 2023