Intensidade energética e emissões de gases com efeito de estufa dos transportes

  • O setor dos transportes continua muito dependente dos combustíveis derivados do petróleo, tendo, em 2022, registado 77,6% do consumo final de produtos de petróleo (dados provisórios).
  • Em 2022, e à semelhança dos anos anteriores, o setor dos transportes foi o terceiro mais intensivo em energia, representando 28 tep/M€2016 (dados provisórios).
  • A partir de 2015, a incorporação de combustíveis provenientes de fontes de energia renovável em Portugal tem seguido a tendência da União Europeia (UE), salientando-se que entre 2015 e 2019 Portugal registou valores acima dos observados ao nível da UE-27. Em 2022 foi registado um valor de 8,7% de incorporação de fontes de energias renovável no setor dos transportes em Portugal, enquanto a média da UE-27 foi de 9,6%.
  • O setor dos transportes, em grande parte dominado pelo tráfego rodoviário, é um dos setores cujas emissões mais aumentaram no período 1990-2022. Após 2013 verificou-se o aumento destas emissões, com uma inversão da tendência de decréscimo registada após 2005, apenas interrompido em 2020 devido ao forte impacte das medidas de resposta à pandemia por COVID-19. As emissões deste setor têm crescido desde então, não tendo, contudo, em 2022, atingido os valores pré-pandemia.
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A ficha temática “Intensidade energética e emissões de gases com efeito de estufa dos transportes” analisa a intensidade energética no setor dos transportes, bem como a correspondente fração de energia renovável utilizada. Apresenta, ainda, os valores das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) nos transportes.

Em Portugal os transportes representam uma parte importante do consumo de energia final, sendo o transporte rodoviário responsável pela quase totalidade desse consumo. Verifica-se ainda que os transportes terrestres são os principais responsáveis pelo consumo de produtos petrolíferos para fins energéticos, contribuindo de forma decisiva para a dependência energética do país.

Para reduzir esta dependência do exterior, importa reduzir, a nível nacional, a utilização de veículos rodoviários (em particular aqueles que utilizem combustíveis fósseis), quer por recurso aos transportes públicos quer à mobilidade suave, de modo a aumentar a eficiência energética no setor. Mas também importa promover a adoção de veículos mais eficientes e que utilizem combustíveis com melhor desempenho ambiental, destacando-se, neste contexto, os veículos elétricos.

Como consequência do tipo de energia utilizada, o setor dos transportes é também responsável por uma grande parte das emissões de GEE, exercendo fortes pressões sobre o ambiente e bem-estar humano.

Contribuição para os ODS

Objetivos: 
  • O Decreto-Lei n.º 84/2022 (que completou a transposição da Diretiva (UE) 2018/2001) fixa a meta de incorporação de 29% de fontes de energia renovável no consumo final de energia no setor dos transportes, até 2030. Estabeleceu, ainda, as seguintes quotas mínimas de energia provenientes de fontes renováveis para:

a) os transportes marítimo e aéreo:

i) a partir de 2025, 2,5%;

ii) a partir de 2027, 6%;

iii) a partir de 2029, 9%;

b) os transportes ferroviários:

i) a partir de 2025, 75%;

ii) a partir de 2030, 100%.

Determinou também que:

  • Os fornecedores de combustíveis estão obrigados a assegurar a incorporação de combustíveis de baixo teor em carbono para transportes, em teor energético, nas seguintes percentagens, sobre as quantidades de combustíveis rodoviários por si introduzidos no consumo:

a) a partir de 2022, 11%;

b) a partir de 2023, 11,5%;

c) a partir de 2025, 13%;

d) a partir de 2027, 14%;

e) a partir de 2029, 16%;

  • Os fornecedores de combustíveis estão, ainda, obrigados a uma contribuição mínima anual de biocombustíveis avançados e de biogás, em teor energético, correspondente às seguintes percentagens sobre as quantidades de combustíveis rodoviários por si introduzidos no consumo, com exceção do gás de petróleo liquefeito:

a) em 2022, 0,2%;

b) em 2023, 0,7%;

c) em 2025 e 2026, 2,0%;

d) em 2027 e 2028, 4%;

e) em 2029, 7%;

f) em 2030, 10%;

Análise da evolução:

Intensidade energética dos transportes

O setor dos transportes continua muito dependente dos combustíveis produzidos a partir do petróleo, sendo particularmente vulnerável às oscilações dos preços internacionais. Ainda de acordo com dados provisórios para 2022, 77,6% do consumo final de produtos de petróleo ocorreu neste setor, com um consumo de gasóleo de 4 395 ktep (87,6% do consumo total de gasóleo), e de gasolinas de 1 123 ktep (99,8% do consumo total de gasolinas).

Em 2022, o consumo de petróleo e derivados nos transportes foi de cerca de 5,77 Mtep, o que representa um acréscimo de 6,1% face a 2021. No transporte rodoviário, o consumo de gasóleo registou um aumento de 4,9%, o de gasolina 10,0% e o de GPL Auto 11,7%.

Os dados apresentados demonstram, ainda, uma elevada dependência nacional dos combustíveis fósseis. Esforços no sentido de diminuir essa dependência terão o efeito benéfico de reduzir significativamente as emissões de poluentes atmosféricos, designadamente as emissões de GEE, um objetivo estratégico inscrito em vários instrumentos de política atualmente em vigor, em particular no PNEC 2030 (em processo de revisão) e no Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (igualmente em processo de revisão).

 

Última atualização: 
Quinta, 27 Junho, 2024