Em 2019 o balanço bruto do azoto sofreu um acréscimo de 9,7% (correspondente 15.840 toneladas) face a 2018, embora a tendência nos últimos anos seja para a estabilização. Este aumento justifica-se por maior incorporação deste nutriente no solo que não foi equilibrado pela remoção.
Balanço de nutrientes (azoto e fósforo)
A incorporação de nutrientes nos solos, como o azoto e o fósforo, é essencial para a promoção e manutenção do desenvolvimento das culturas.
A manutenção de um equilíbrio saudável entre os nutrientes incorporados no solo e os nutrientes removidos pelas plantas é essencial, já que, se por um lado um défice de nutrientes no solo pode provocar um problema de fertilidade, com as consequentes implicações na qualidade das culturas, um excesso de nutrientes poderá originar situações de poluição, não apenas do solo mas também da água e do ar.
O cálculo do balanço de nutrientes (azoto e fósforo) resulta da diferença entre a incorporação destes nutrientes no solo e a sua remoção pelas culturas (Balanço de nutrientes = Incorporação - Remoção).
Esta ficha temática diz respeito a Portugal continental, Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores e será atualizada anualmente.
- O balanço de nutrientes é necessário à monitorização dos Programas de Desenvolvimento Rural. Propõe-se ser indicador da ameaça potencial do excedente ou défice de dois importantes nutrientes do solo e das plantas em terras agrícolas (azoto e fósforo), fornecendo uma visão sobre a inter-relação entre o uso sustentável dos recursos nutricionais do solo, o uso de fertilizantes agrícolas (inorgânicos e orgânicos) e respetivas perdas para o ambiente. Suporta a decisão política orientada a:
- Apoiar práticas agrícolas ou florestais que contribuam para a melhoria do ambiente e conservação dos recursos (água, solo, ar) em articulação com uma produção agrícola sustentável e competitiva;
- Garantir uma nutrição adequada das culturas, corrigindo eventuais carências e evitando excessos de nutrientes por forma a proporcionar produções de elevada qualidade ao mesmo tempo que se preserva a qualidade do solo, da água e do ar;
- Adotar técnicas adequadas de fertilização, tendo em consideração os diversos fatores que intervêm na dinâmica do azoto e do fósforo no solo, por forma a favorecer a sua absorção pelas culturas e a reduzir ao máximo as suas perdas nas águas de escoamento e/ou de infiltração, bem como nas emissões para o ar.
- A Estratégia do Prado ao Prato, lançada no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, estabelece o objetivo UE de reduzir as perdas de nutrientes em pelo menos 50% e o uso de fertilizantes em pelo menos 20% até 2030.
Evolução do balanço bruto do azoto
Evolução do balanço bruto do azoto por superfície agrícola utilizada (SAU)
Relativamente ao balanço bruto de azoto por superfície agrícola utilizada, é possível referir que o valor registado em 2019 equivale a cerca de 45kg de azoto por hectare de SAU, verificando-se variações no consumo ao longo do período mas sem registo, em termos globais, de uma diminuição efetiva desde 1995 à atualidade.
Evolução do balanço bruto do fósforo
O balanço do fósforo contabilizou, em 2019, um excedente de 23.052 mil toneladas. Este valor representa um acréscimo do balanço do fósforo na ordem dos 12,8% (2.617 toneladas) face a 2018. À semelhança do azoto, também a incorporação de fósforo aumentou face a 2018 e o aumento da remoção de fósforo pelas culturas não permitiu equilibrar o balanço.
Evolução do balanço bruto do fósforo por SAU
Relativamente ao balanço bruto de fósforo por superfície agrícola utilizada, verifica-se que, em 2019, a quantidade apurada foi cerca de 6 kg/ha de SAU, constatando-se que existe uma grande variação do valor ao longo da série com diminuição em termos globais.
Evolução do consumo aparente de fertilizantes inorgânicos por SAU
Portugal apresenta tendência decrescente no consumo aparente de fertilizantes inorgânicos (azoto, fósforo e potássio) por SAU. Verifica-se variações na série de dados, com um máximo registado em 1996 com 88 kg/ha e um mínimo em 2009 com 39 kg/ha.
Em 2020, o consumo aparente de fertilizantes inorgânicos foi de 46 kg/ha, o que representa uma redução de 43% face a 1995, com tendência estável de decréscimo a partir de 2014.
Instituto Nacional de Estatística – https://www.ine.pt