A pandemia por COVID-19 e as restrições resultantes do combate à mesma originaram reduções nas emissões de GEE do país em 2020 e 2021, registando-se em 2022 um ligeiro aumento de emissões resultante da recuperação económica, enquanto em 2023 se verifica uma redução de emissões para 53,2 Mt CO2eq. (excluindo LULUCF).
Emissões de gases com efeito de estufa
- Em 2023, as emissões de GEE, sem contabilização das emissões do “Uso do solo, alterações de uso do solo e florestas” (LULUCF), foram estimadas em 53,2 Mt CO2eq., representando um decréscimo de 9,6% face a 1990 e de 38,1% face a 2005.
- Incluindo o setor LULUCF, o total estimado das emissões de GEE é de 51,2 Mt CO2eq., o que corresponde a uma diminuição de 19,1% face a 1990 e de 43,4% face a 2005.
- Os setores da “Energia”, da “Agricultura”, dos “Processos industriais e uso de produtos” e dos “Resíduos” representaram, respetivamente, 66,5%, 13,1%, 9,8% e 10,6% do total de emissões nacionais em 2023.
- As emissões do setor da “Energia”, em particular, apresentaram, em 2023, a seguinte distribuição: “Transportes” – 34,3%, "Combustão na indústria" – 11,2%, “Produção e transformação de energia” – 11,0%, “Outros” – 7,8% e “Emissões fugitivas” – 2,1% do total de emissões nacionais.
- Em 2023, registou-se uma intensidade carbónica de 0,25 kg CO2eq/€ PIB.
- As emissões de GEE por unidade de PIB revelam que, a partir de 2005, se iniciou um processo de “descarbonização” da economia portuguesa, ou seja, a economia nacional começou a emitir menos carbono por cada unidade de riqueza produzida.
A ficha temática “Emissões de gases com efeito de estufa” (GEE) avalia o nível anual de emissões e sequestro destes gases com origem humana, em todos os setores da economia nacional, em relação ao ano de 1990. É também avaliado o nível de emissões face aos compromissos nacionais e comunitários de redução de emissões de GEE. Esta ficha analisa, ainda, a evolução das emissões de GEE face ao crescimento económico, em Portugal, isto é, a intensidade carbónica da economia.
O Relatório especial do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa) sobre o Aquecimento Global de 1,5ºC, publicado em 2018, salienta as evidências científicas relativas à influência da atividade humana sobre o sistema climático e que o aquecimento global deste sistema é inequívoco, reforçando a urgência de ações de combate às alterações climáticas. Importa, por isso, monitorizar e verificar o nível de emissões e sequestro de GEE de origem antropogénica em todos os setores da economia, utilizando o ano de 1990 como ano de referência, de acordo com orientações internacionais.
O inventário nacional de emissões de GEE é o principal instrumento de monitorização das emissões e remoções de emissões de origem antropogénica, permitindo acompanhar o cumprimento das metas nacionais e europeias, constituindo, por isso, um elemento-chave da política climática.
No inventário são contabilizadas as emissões e sequestro de GEE, incluindo o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido de azoto (N2O), os hidrofluorocarbonetos (HFC), os perfluorocarbonetos (PFC), o hexafluoreto de enxofre (SF6) e o trifluoreto de azoto (NF3). São também incluídos os designados GEE indiretos que contribuem para a formação de outros poluentes atmosféricos como o monóxido de carbono (CO), o dióxido de enxofre (SO2), os óxidos de azoto (NOx) e os compostos orgânicos voláteis não metânicos (COVNM).
A nível nacional, a compilação e comunicação destes dados é assegurada pelo Sistema Nacional de Inventário de Emissões por Fontes e Remoções por Sumidouros de Poluentes Atmosféricos (SNIERPA), que garante a robustez técnica, a transparência e a conformidade metodológica, assegurando o cumprimento das obrigações de reporte de Portugal no quadro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) e do Regulamento da Governação da União da Energia e da Ação Climática.
A União Europeia (UE), no âmbito da sua estratégia de redução de emissões de GEE, e como forma de garantir o cumprimento dos compromissos assumidos no contexto internacional, criou o mecanismo do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), constituindo o primeiro instrumento de mercado intracomunitário de regulação destas emissões. O regime CELE encontra-se em vigor desde 2005, tendo decorrido três períodos de cumprimento (2005–2007, 2008-2012 e 2013-2020). Em 2021 teve início o quarto período de cumprimento, que decorrerá até 31 de dezembro de 2030. São abrangidas, por este regime, instalações de setores muito diversos, desde o setor energético aos industriais, dos quais se destacam os setores: “Refinação”, “Metais”, “Cimentos”, “Químico”, “Cerâmico”, “Vidro”, “Pasta”, “Papel”, “Agroflorestal” e “Agroalimentar”. Desde 2010 está também abrangido o setor da “Aviação”, e desde 2024 o “Transporte marítimo”. A partir de 2027 entrará em vigor um novo regime CELE, que abrange os “Edifícios”, “Transporte rodoviário” e “Pequena indústria não abrangida pelo regime CELE atual”.
A nível europeu, após cumprimento da meta coletiva de redução de emissões para 2020, fixada em 21% face aos níveis de 2005, e alcançada com uma redução de 41%, a revisão do quadro legislativo através do pacote ”Fit for 55” veio estabelecer objetivos mais ambiciosos.
A Partilha de Esforços (Regulamento (UE) 2018/842) abrange os setores não CELE e divide a meta global europeia em metas individuais por Estado-membro. Neste contexto, foi estabelecido que Portugal deveria limitar, entre 2013 e 2020, o aumento de emissões de GEE dos setores não CELE a 1%, em relação a 2005 – valor que foi atingido com uma redução de 21%. Com a revisão promovida pelo pacote “Fit for 55”, traduzida no novo Regulamento (UE) 2023/857, foram revistos os contributos nacionais para a meta da União, cabendo a Portugal limitar até 2030 as emissões de GEE dos setores não-CELE em, pelo menos, 28,7% relativamente a 2005. Alinhado com esta revisão, foram também atualizados os limites anuais que os Estados-membros devem respeitar para o período de 2023 a 2030 (Decisão de Execução (UE) 2023/1319).
O Acordo de Paris, alcançado em 2015, fixou objetivos de longo prazo de contenção do aumento da temperatura média global a um máximo de 2ºC, com o compromisso da parte da comunidade internacional de prosseguir todos os esforços para que esse aumento não ultrapasse 1,5ºC, valores que a ciência define como máximos para garantir a continuação da vida no planeta como a conhecemos e sem alterações demasiado disruptivas.
Estabeleceu, desta forma, um quadro global de entendimento propício para o desenvolvimento de políticas públicas a nível regional, nacional ou subnacional, que promovam as condições para a criação de sociedades e economias de baixo carbono, assentes em princípios de eficiência na utilização de recursos, e em formas de atuação colaborativas e que promovam uma efetiva integração dos desafios das alterações climáticas em todas as vertentes das nossas sociedades, abrangendo a redução das emissões e, também, a resiliência aos efeitos das mudanças climáticas.
Portugal assumiu, em 2016, o objetivo da neutralidade carbónica até ao final da primeira metade deste século, traçando, assim, uma visão clara relativamente à descarbonização profunda pretendida para a economia nacional.
Para apoiar este compromisso, foi aprovado o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050), que constitui a estratégia de desenvolvimento a longo prazo com baixas emissões de GEE e que tem por objetivos: explorar a viabilidade de trajetórias que conduzam à neutralidade carbónica; identificar os principais vetores de descarbonização e estimar o potencial de redução de emissões dos vários setores da economia nacional, rumo a uma sociedade neutra em carbono.
Portugal aprovou também o Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), desenvolvido em articulação com os objetivos do RNC2050 e que constitui o principal instrumento de política energética e climática nacional para a próxima década, rumo a um futuro neutro em carbono.
O PNEC 2030 estabelece metas ambiciosas, mas exequíveis, para o horizonte 2030, de redução de emissões de GEE, de incorporação de energias renováveis (FER), de eficiência energética e de interligações, e concretiza as políticas e medidas para uma efetiva aplicação das orientações constantes do RNC2050, estabelecendo, ainda, metas setoriais de redução de emissões de GEE.
Desde a elaboração do PNEC 2030, verificaram-se importantes desenvolvimentos a nível europeu, como a apresentação do Pacto Ecológico Europeu (COM(2019) 640 final), a aprovação da Lei europeia em matéria de clima (Regulamento (UE) 2021/1119), a revisão do quadro legislativo da União promovido pelo pacote “Fit for 55” (COM(2021) 550 final), ou a apresentação do Plano “REPower EU” (COM(2022) 230 final), que se constitui como o plano da UE para acelerar o processo da transição energética e pôr termo à dependência dos combustíveis fósseis, em resposta à alteração do panorama geopolítico com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Não obstante ter sido um dos primeiros países a assumir o compromisso da neutralidade climática, alinhado com o mesmo objetivo estipulado a nível comunitário pela Lei europeia em matéria de clima, Portugal, ciente dos desafios e principalmente das oportunidades associadas à transição energética e climática, comprometeu-se a antecipar a meta da neutralidade climática para 2045, em linha com o preconizado na Lei de Bases do Clima (LBC) a nível nacional.
A LBC (Lei n.º 98/2021, de 31 de dezembro), além de rever com maior ambição as metas de redução de emissões de GEE definidas no RNC2050, vem também consolidar objetivos, princípios e obrigações para os diferentes níveis de governação para a ação climática, através de políticas públicas, e estabelecer novas disposições em matéria de política climática.
Este compromisso, entre outros desenvolvimentos significativos a nível nacional, comunitário ou internacional, motivaram a necessidade de atualização dos principais instrumentos em matéria de clima e energia a nível nacional, como sejam o RNC 2050 e o PNEC 2030.
Assim, e em linha com o aumento de ambição preconizado a nível comunitário e exigido a nível internacional no contexto do Acordo de Paris, Portugal atualizou recentemente o seu Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030 (PNEC 2030).
Além de respeitar as disposições da LBC, esta atualização decorreu em paralelo com atualização do RNC 2050, garantindo o alinhamento das políticas, objetivos e metas estabelecidos entre o curto e o longo prazo. Contudo e apesar do processo de atualização do RNC 2050 ainda se encontrar em curso, o exercício de atualização do PNEC teve já em consideração a ambição que nos é exigida no curto prazo, com vista a acomodar e reforçar o objetivo de antecipação da neutralidade climática.
Portugal, tem verificado uma redução contínua das emissões de GEE, alinhando-se com a tendência de descarbonização da economia observada na UE. A transição para FER, aliada a medidas de eficiência energética, tem sido fundamental para promover a dissociação entre as emissões de GEE e o crescimento económico. Embora ainda existam desafios, Portugal está a avançar de forma consistente na construção de uma economia mais sustentável e de baixo carbono.
Conceitos «Intensidade carbónica de uma economia», razão entre as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), sem as do setor do “Uso do solo, alterações de uso do solo e florestas” (LULUCF, na sigla inglesa), e o seu Produto Interno Bruto (PIB). [Fonte: IPCC] |
Contribuição para os ODS
-
Para 2030 foram fixados os seguintes objetivos ao nível da UE:
- Os setores abrangidos pelo CELE têm de reduzir as suas emissões em 62% face aos níveis de 2005;
- Os setores que não estão incluídos no CELE (como os “Transportes”, “Agricultura”, “Edifícios” e “Resíduos”) têm de cumprir uma meta de redução de emissões de 40%, em relação aos níveis de 2005;
- O setor do “Uso do solo, alterações de uso do solo e florestas” (LULUCF, na sigla inglesa) tem também um papel reforçado com uma meta coletiva ao nível da UE de, pelo menos, 310 milhões de toneladas de CO2eq.
- No âmbito do Regulamento da Partilha de Esforços, cabe a Portugal uma redução de 28,7% até 2030, em comparação com 2005, para os setores não-CELE.
- Para os setores não CELE, Portugal deverá assegurar que as suas emissões de GEE anuais ficam abaixo do limite definido pela trajetória linear apresentada na tabela infra. De referir que os valores das dotações para o subperíodo 2026-2030 serão sujeitos a revisão em 2025.
Alocações de Emissões Anuais para Portugal estabelecidas pelo mecanismo de Partilha de Esforços
|
2021 |
2022 |
2023 |
2024 |
2025 |
Alocações de Emissões Anuais (Mt CO2eq.) |
42,53 |
40,82 |
40,06 |
39,30 |
38,53 |
-
Em termos nacionais, para 2030 foram estabelecidos os seguintes compromissos:
- A LBC define como meta nacional uma redução de 55% das emissões de GEE, em relação a 2005;
- Na revisão do PNEC 2030 foram fixadas metas setoriais de redução de GEE, para os setores não-CELE, face aos valores de 2005:
Objetivos setoriais para setores não-CELE previstas no PNEC 2030, face a 2005
Setores não-CELE |
2030 |
Serviços |
-70% |
Residencial |
-35% |
Transportes |
-40% |
Agricultura |
-11% |
Resíduos* |
-30% |
* Inclui águas residuais.
Principais instrumentos de política
Evolução das emissões de GEE desde 1990
Constitui um reflexo, em grande medida, da evolução da economia portuguesa, que se caracterizou por um forte crescimento associado ao aumento da procura de energia e da mobilidade na década de 90. A partir de 2005 iniciou-se um processo de redução das emissões, fruto: i) das melhorias tecnológicas relativas a sistemas de controlo de poluição e eficiência energética; ii) da introdução de combustíveis menos poluentes, com destaque para o gás natural a partir de final da década de 1990; iii) do crescimento significativo da energia produzida a partir de fontes de energia renovável (com especial relevância para a energia eólica); iv) da implementação de medidas de gestão de resíduos, visando o aumento da reutilização, reciclagem e deposição seletiva; e v) do incremento e aproveitamento energético de biogás gerado nos sistemas de gestão de resíduos.
Após os anos de recessão económica que se seguiram à crise financeira internacional de 2008, verificou-se uma evolução positiva da economia portuguesa, acompanhada pelo crescimento do consumo de energia primária e final, o que, associado a anos de seca (2015 e 2017), provocou um aumento dos níveis de emissões.
A tendência de crescimento verificada em 2014-2017 foi quebrada devido ao aumento de FER no consumo primário de energia, a uma forte redução no uso de carvão para produção de eletricidade que terminou definitivamente no final de 2021 e, também, ao balanço importador positivo de eletricidade nos anos mais recentes.
As emissões registadas em 2020 confirmaram o cumprimento das metas europeias de redução de emissões para esse ano. As emissões totais representaram uma redução de cerca de 33% face aos níveis de 2005, e confirmaram uma trajetória de cumprimento das metas de redução de emissões totais nacionais e setoriais, com exceção da “Agricultura”.
As alterações do uso do solo e florestas (LULUCF) são fundamentais para uma leitura completa da trajetória de evolução das emissões. Por um lado, os valores sem LULUCF refletem diretamente as emissões de setores como a “Energia”, “Transportes”, “Processos industriais”, “Agricultura” e “Resíduos” — que são os principais emissores. Por outro lado, com a inclusão do LULUCF, consideram-se também os sumidouros de carbono naturais, como florestas e solos. Esta distinção permite avaliar o contributo da gestão do território para o balanço global de emissões, o que é essencial para uma estratégia climática integrada e sustentável.
Evolução das emissões nacionais de gases com efeito de estufa
Evolução das emissões de GEE, por setot
O setor da “Energia” apresenta-se em toda a série temporal como o principal responsável pelas emissões de GEE. Este setor regista, há vários anos, uma redução sustentada resultante do desenvolvimento das FER e da cessação da produção térmica de energia elétrica a partir do carvão (em 2021). O setor engloba emissões dos subsetores da “Produção e transformação de energia”, “Indústria” (combustão), “Transportes” e “Emissões fugitivas”.
O subsetor dos “Transportes”, em grande parte dominado pelo tráfego rodoviário, é um dos setores cujas emissões mais aumentaram no período 1990-2022 (58%). Após o crescimento constante das emissões até 2002, ao qual se seguiu um período de estabilização, registou-se, a partir de 2005, um decréscimo das emissões. Após 2013 verificou-se, contudo, uma inversão daquela tendência, com o aumento das emissões dos transportes, apenas interrompido em 2020 devido ao forte impacte das medidas de resposta à pandemia por COVID-19. As emissões deste setor têm crescido desde então, tendo ultrapassado em 2022 os valores pré-pandemia, e alcançado em 2023 o valor de 18,2 Mt CO2eq., correspondendo a 34% do valor total de emissões.
O crescimento das emissões associadas à “Agricultura”, registado em particular após 2011, é explicado maioritariamente pelo aumento da população de bovinos de engorda, de ovinos e de aves.
O decréscimo das emissões associadas aos “Processos industriais e uso de produtos” face a 1990 (18%) está relacionado essencialmente com o fim da produção de amoníaco no país, e com a redução de atividade das indústrias do cimento e petroquímica.
A redução das emissões do setor dos “Resíduos” nos anos mais recentes está relacionada com o aproveitamento energético do biogás em sistemas de tratamento de resíduos e águas residuais, bem como com a aposta nos Tratamentos Mecânicos e Biológicos, que visam a redução da deposição de resíduos urbanos em aterro e o aumento do quantitativo de resíduos recicláveis recuperados.
As estimativas do setor LULUCF mostram que esta categoria mudou de um emissor líquido em 1990 (4,4 Mt CO2eq.) para um sumidouro de carbono em 1991. Esta situação foi novamente revertida nos anos de 2003 e 2005, devido aos incêndios florestais que se registaram nesses anos. Em 2017, este setor voltou a ser um emissor líquido, com um total de 15,1 Mt CO2eq., representando 17,5% do total de emissões do país, devido aos incêndios florestais ocorridos nesse ano. Esta situação esteve associada a um ano particularmente seco, às altas temperaturas verificadas fora do período de verão (os maiores incêndios florestais ocorreram em junho e outubro), e a ventos invulgarmente fortes, como o furacão Ofélia que varreu a costa da Península Ibérica, em outubro de 2017. Desde 2018 o setor é estimado como um sumidouro (menos 2,0 Mt CO2eq. em 2023).
Distribuição das emissões de GEE em 2023, por setor

De acordo com o Inventário Nacional de Emissões de 2025, relativo ao período 1990-2023, as emissões de GEE em 2023, excluindo LULUCF, são estimadas em 53,2 Mt CO2eq. Este valor representa uma redução de 9,6% face a 1990, 38,1% face a 2005 e 5,6% face a 2022.
A diminuição registada entre 2022 e 2023 deve-se sobretudo ao setor da “Energia”, que globalmente apresenta uma redução de 6,7% face a 2022.
Considerando o setor LULUCF, o total de emissões em 2023 é estimado em 51,2 Mt CO2eq., correspondendo a uma redução de 19,1% face a 1990, 43,4% face a 2005 e 8,5% face a 2022.
O setor da “Energia” é o principal responsável pelas emissões de GEE, representando 66,5% das emissões nacionais em 2023. Neste setor, os “Transportes” e a “Combustão na indústria” são as fontes mais importantes, representando, respetivamente, 34,3% e 11,2% do total das emissões nacionais.
Este decréscimo deveu-se essencialmente ao setor das “Indústrias energéticas”, que registou uma diminuição de 30,1% em relação ao ano anterior. As emissões de todos os modos de transporte aumentaram face a 2022 (“Aviação” 7%, “Rodovia” 7%, “Ferrovia” 10% e “Navegação” 5%).
Os setores da “Agricultura” e dos “Processos industriais e uso de produtos” representaram, respetivamente, 13,1% e 9,8% do total de emissões de 2023, registando reduções de 0,3% e 2,8%, face a 2022. O setor dos “Resíduos”, responsável por 10,6% do total de emissões em 2023, contabiliza um pequeno acréscimo de 0,6%, face a 2022.
A monitorização das emissões nacionais de GEE é essencial para avaliar o progresso das metas nacionais e comunitárias para 2030 face ao nível de emissões de 2005, definidas no PNEC 2030 e na LBC.
Emissões de GEE, por setor, face às metas PNEC 2030
Setores |
Emissões 2023 (kt CO2eq.) |
Variações 2023 / 2005 |
Metas 2030 |
Transportes |
18,241 |
-9% |
-40% |
Serviços |
1,167 |
-62% |
-70% |
Residencial |
1,614 |
-42% |
-35% |
Agricultura |
8,305 |
0% |
-11% |
Resíduos |
5,624 |
-17% |
-30% |
Emissões totais de GEE, face às metas da Lei de Bases do Clima
|
Emissões 2023 (kt CO2eq.) |
Variações 2023 / 2005 |
Metas 2030 |
Total Nacional |
53,124 |
-38% |
-55% |
- Agricultura: inclui CRF 3 e combustão na agricultura, florestas e pescas (1A4c)
- Total: exclui LULUCF e emissões indiretas
Verifica-se assim que, apesar das reduções substanciais de emissões de GEE em alguns setores face a 2005, existe ainda um longo percurso a percorrer, tendo em conta que setores como os “Transportes”, “Agricultura” e “Resíduos” estão ainda longe de atingir as metas setoriais definidas para 2030.
Emissões de GEE dos setores não-CELE face às metas estabelecidas no âmbito da Partilha de Esforços Comunitária (excluindo LULUCF e CO2 Aviação Civil)
No que respeita ao cumprimento do Regulamento da Partilha de Esforços, verifica-se que Portugal se encontra abaixo das alocações de emissões anuais definidas para os anos de 2021, 2022 e 2023, sendo as emissões não-CELE de 40,1 Mt CO2eq., 40,2 Mt CO2eq. e 40,0 Mt CO2eq., respetivamente; salienta-se que as metas serão verificadas cumulativamente para o período de 2021 a 2025 e, posteriormente, para 2026-2030, tendo em consideração o objetivo de redução global para 2030.
Intensidade carbónica da economia
Evolução da intensidade carbónica da economia
Uma análise das emissões de GEE por unidade de PIB permite verificar que, a partir de 2005, se iniciou o processo de “descarbonização” da economia portuguesa, ou seja, a economia nacional começou a emitir menos carbono por cada unidade de riqueza produzida. Esta tendência, que é anterior à crise económica que teve início em 2008, deve-se a vários fatores, nomeadamente a alterações do modelo energético nacional para formas de energia menos intensivas em carbono, como sejam: a utilização de gás natural, a gradual implementação de biocombustíveis nos transportes, o crescimento significativo da energia produzida a partir de FER (principalmente eólica e hídrica); e a implementação de medidas de eficiência energética.
A partir de 2010 a redução da intensidade carbónica da economia estagnou, situação que está em parte relacionada com uma maior utilização de carvão pelas centrais térmicas até 2018, e em especial nos anos de maior escassez hídrica, e/ou como resultado dos baixos preços deste combustível. A utilização de carvão para produção termoelétrica foi reduzida fortemente após 2018, tendo terminado definitivamente no final de 2021.
Portugal registou, em 2023, uma intensidade carbónica de 0,25 kg CO2eq./€ PIB.
Com base na análise efetuada, verifica-se que:
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- Dados respeitantes a: Portugal continental, Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
- Periodicidade de atualização: anual.
Agência Portuguesa do Ambiente – Clima
Agência Portuguesa do Ambiente – INERPA
IPCC – Global Warming of 1.5oC
Agência Europeia do Ambiente – Relatório anual das Tendências e Projeções na Europa em 2024
Agência Europeia do Ambiente – Relatório de monitorização de 2024 do 8.º Programa de Ação em matéria de Ambiente
União Europeia – Relatório Intercalar sobre a Ação Climática da UE em 2024 (COM(2024) 498 final)