Nas figuras observa-se que a totalidade dos troços costeiros selecionados apresentam tendência erosiva de longo prazo até 2010, embora com diferentes magnitudes, destacando-os valores de recuo e taxas de evolução exibidas pelos troços Cortegaça – Furadouro, Costa Nova – Praia de Mira (norte) e Costa de Caparica. No médio (2010 – 2018) e curto prazo (2018 – 2021), esta tendência agrava-se entre a Cortegaça – Furadouro, Ofir – Cedovém e Cova-Gala – Costa de Lavos. A análise recente dos dados do Programa COSMO confirma o agravamento do processo erosivo entre 2010-2021 a sotamar da Figueira da Foz (setor Cova Gala – Lavos) (Pinto et al., 2021b), com recuos máximos da ordem dos 70 m, tal como previamente referido por Santos et al., (2017), André & Cordeiro (2013) e Oliveira & Oliveira (2016).
Os troços costeiros entre a Costa Nova – Praia de Mira (norte), Costa de Caparica e Praia de Faro, apesar da tendência erosiva de longo prazo, mostram uma diminuição das taxas de evolução e estabilidade relativa no médio e curto-prazo. A atenuação do processo erosivo observado desde 2010 resulta diretamente das sucessivas intervenções de alimentação artificial realizadas no domínio imerso, emerso e cordão dunar das respetivas áreas de influência ou a barlamar delas na mesma célula costeira (Pinto et al., 2020). Estes resultados vêm reforçar a alimentação artificial de praias como uma das principais medidas de proteção/defesa costeira consagradas em Portugal, sendo considerada uma medida de adaptação ajustada às consequências das alterações climáticas (por exemplo, subida do nível médio do mar), com o objetivo de mitigar os fenómenos de erosão costeira e de galgamento que previsivelmente se virão a agravar num futuro próximo.