Linha de costa em situação de erosão

  • 50% do litoral baixo e arenoso de Portugal continental (com cerca de 425 km de comprimento de um total de 987 km) apresenta tendência erosiva de longo prazo (1958-2023);
  • Os troços costeiros entre Ofir – Cedovém, Cortegaça – Furadouro e Cova-Gala – Costa de Lavos apresentam tendência erosiva instalada de longo prazo, verificando-se inclusive uma ligeira aceleração no médio e curto prazo dos valores de recuo da linha de costa;
  • Os troços costeiros entre a Costa Nova – Praia de Mira (norte), Costa de Caparica e Praia de Faro, apesar da tendência erosiva de longo prazo, mostram uma diminuição das taxas de erosão e alguma estabilidade relativa no médio e curto-prazo;
  • Entre 1958 e 2023 estima-se uma perda de território costeiro de Portugal continental de aproximadamente 13,8 km2 (1 380 ha);
  • A alimentação artificial de praias é atualmente uma das principais medidas de proteção/defesa costeira utilizadas, sendo considerada uma medida de adaptação ajustada às consequências das alterações climáticas (por exemplo, subida do nível médio do mar), com o objetivo de mitigar os fenómenos de erosão costeira e de galgamento que previsivelmente se virão a agravar num futuro próximo;
  • A intensidade do fenómeno erosivo, e respetivo risco associado, determinou que a maior parte do investimento efetuado no litoral na última década e meia, num total de cerca de 350 M€, fosse alocado a intervenções de proteção e defesa costeira.
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A ficha temática “Linha de costa em situação de erosão” avalia a extensão de linha de costa em litoral baixo e arenoso sujeita a erosão/recuo.

Para o cálculo do indicador consideram-se os troços de litoral baixo e arenoso sujeitos a erosão costeira, com tendência de recuo da linha de costa medida no longo prazo.

O indicador, expresso em extensão (km lineares) de linha de costa em situação de erosão, tem por base os dados de evolução/recuo da linha de costa existentes, designadamente estudos realizados pela Agência Portuguesa do Ambiente, Estudos de Caracterização dos Programas da Orla Costeira, publicações técnicas e científicas da especialidade e teses de Mestrado e Doutoramento. Desde 2018, esta informação é atualizada e validada com os dados gerados pelo Programa COSMO.

 

Conceitos

«Erosão costeira», a remoção e arrastamento dos sedimentos das praias e dunas por ação conjugada de fatores de forçamento oceanográfico (isto é, ondas, correntes e marés), traduzindo-se no recuo da linha de costa e consequente perda de território. Pode ocorrer em horizontes temporais curtos (por exemplo, recuo instantâneo associado a temporais), dependente da variabilidade sazonal, ou em períodos de tempo mais longos, à escala interanual ou da década. As suas causas são múltiplas, de origem natural e antrópica, destacando-se a diminuição do volume de sedimentos fornecidos ao litoral pela rede fluvial, a subida do nível médio do mar e a presença de obras de engenharia costeira pesada.

[Fonte: APA]

 

 

Contribuição para os ODS

Objetivos: 

O Programa de Monitorização da Faixa Costeira de Portugal continental (Programa COSMO), iniciado em junho de 2018, tem como objetivo, designadamente, atualizar e pormenorizar a informação relativa à evolução da linha de costa, particularmente a identificação das áreas sujeitas a erosão costeira e a quantificação do recuo observado.

Com os resultados obtidos pretende-se identificar e monitorizar regularmente os locais sujeitos a erosão costeira e com recuo observado da linha de costa em litoral baixo e arenoso, reforçando a estratégia de proteção em curso, assente na reposição parcial do balanço sedimentar nas células costeiras com tendência erosiva instalada, precedida pela identificação já efetuada de recursos sedimentares compatíveis na plataforma continental próxima (Projeto CHIMERA – Pinto et al., 2019) e pela otimização da gestão dos sedimentos arenosos dragados pelas Administrações Portuárias e Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos.

Estes dados são fundamentais para a definição de tendências evolutivas em contexto de alteração climática, bem como para a tomada de decisão aos vários níveis e nos diversos âmbitos.

O Programa COSMO tem quantificado a evolução da linha de costa e dos fundos adjacentes, tendo sempre como base a extensão de linha de costa de Portugal continental, de acordo com a cartografia oficial, ortofotomapas da linha de costa da Direção-Geral do Território, permitindo identificar, periodicamente, a extensão da linha de costa em situação de erosão e quantificar a respetiva área perdida, de acordo com os critérios aplicáveis.

 

Instrumentos de política relevantes

 

Análise da evolução:

Para se avaliarem as tendências evolutivas de longo, médio e curto prazo, foram selecionados seis troços costeiros de litoral baixo e arenoso, que constituem casos paradigmáticos em matéria de erosão costeira em Portugal continental.

 

Última atualização: 
Quarta, 3 Setembro, 2025