No que respeita às zonas vulneráveis já designadas, verifica-se que se mantêm problemáticas, com um número significativo de estações com concentrações superiores aos 50 mg/l nos níveis mais superficiais. Contudo, tem-se registado, na sua maioria, uma estabilidade em termos de evolução da qualidade da água, com uma ligeira tendência de subida da concentração do ião nitrato na água em algumas zonas vulneráveis.
Nas zonas vulneráveis em meios cársicos, onde se localizam três zonas vulneráveis, continuam também a registar-se concentrações elevadas do ião nitrato. Contudo, a situação é mais favorável face às características hidrodinâmicas destes meios, onde a infiltração de poluentes é mais rápida, mas devido à elevada circulação, também se verifica uma recuperação mais célere.
Neste contexto, destaca-se a importância da aplicação das medidas do Programa de Ação para reverter a contaminação dos nitratos de origem agrícola nas zonas vulneráveis de Portugal continental. Como exemplo destas medidas, refere-se a existência de limites quantitativos à aplicação de fertilizantes, bem como a limitação da sua utilização em determinados períodos, nomeadamente na época das chuvas.
Percentagem de estações de monitorização da Rede Nitratos, relativas às águas superficiais, em termos de classes de concentração média do ião nitrato, no período 2016-2019
Águas Superficiais Interiores |
CLASSES DE QUALIDADE - Continente
Concentração (mg NO3/L) (Período 2016-2019)
% Estações
|
0 - 1,99 |
2 - 9,99 |
10 - 24,99 |
25 - 39,99 |
40 - 50 |
> 50 |
Rios |
Média anual |
18,8 |
71,9 |
9,4 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
Média inverno |
21,9 |
68,8 |
9,4 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
Máximo |
9,4 |
68,8 |
18,8 |
3,1 |
0,0 |
0,0 |
Albufeiras |
Média anual |
56,4 |
43,6 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
Média inverno |
51,3 |
48,7 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
Máximo |
25,6 |
56,4 |
17,9 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
Fonte: APA, 2021
No que concerne às águas superficiais, englobando rios e albufeiras, não se registam situações preocupantes em termos da concentração do ião nitrato na água superficial para o período 2016-2019, mantendo-se a situação idêntica ao período de análise anterior 2012-2015.
No respeitante aos rios, verifica-se que 100% das estações apresentam concentrações de nitratos inferiores a 25 mg/l, em termos de média anual e de média de inverno, e a quase totalidade das estações apresentam uma concentração máxima inferior ao limiar mencionado.
No que concerne às albufeiras, verifica-se que 100% das estações registam uma concentração média anual e de inverno inferior aos 10 mg/l, sendo o valor máximo na quase totalidade das estações inferior aos 25 mg/L.
Em termos de águas superficiais, as situações mais problemáticas são relativas ao estado trófico, nomeadamente de albufeiras que se encontram eutrofizadas. A eutrofização diz respeito ao enriquecimento das águas em nutrientes que, provocando uma aceleração do crescimento das algas e plantas, conduz a uma perturbação indesejável do equilíbrio dos organismos presentes na água e da qualidade das águas.
Por último, refere-se que a avaliação completa da qualidade da água em termos de concentração do ião nitrato nas águas subterrâneas e superficiais e do estado trófico das águas superficiais se encontra de forma detalhada no Relatório elaborado no âmbito da Diretiva Nitratos.