Verifica-se que, em 2018, em termos de cargas rejeitadas do setor urbano, a Região Hidrográfica (RH) do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A), foi aquela que apresentou o maior valor por ser a região mais populosa, enquanto que, em termos de cargas industriais, foram as RH do Vouga, Mondego e Lis (RH4A), do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A) e do Sado e Mira (RH6) que apresentaram maiores valores devido aos polos industriais existentes.
As pressões difusas qualitativas do setor agrícola foram determinadas com base nos dados do Recenseamento Agrícola 2019 (RA2019) e na cartografia do COS2018. O setor pecuário baseou-se nos dados de 2020 sobre o efetivo pecuário.
Pressões sobre os recursos hídricos
- Nos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) do 3.º ciclo, a Região Hidrográfica (RH) do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A) foi a que apresentou o maior valor de carga urbana por ser a região mais populosa, enquanto que as RH do Vouga, Mondego e Lis (RH4A), Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A) e Sado e Mira (RH6) foram as que apresentaram os maiores valores de cargas industriais devido aos polos industriais existentes.
- As cargas provenientes da agricultura apresentaram valores de azoto muito significativos, comparando com o fósforo, principalmente nas RH do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A), do Douro (RH3) e do Guadiana (RH7), enquanto as cargas provenientes da pecuária apresentaram valores de azoto significativos, mas também de fósforo, principalmente nas RH do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A) e do Vouga, Mondego e Lis (RH4A).
- Analisando de forma global, observa-se que, a carga poluente por azoto foi a mais representativa (52%) seguida da Carência Química de Oxigénio (CQO) (27%). Em termos de pressões hidromorfológicas, verificou-se que, a tipologia mais representativa foram as barragens (58%), sendo a RH do Guadiana (RH7) a que apresenta o maior número de intervenções.
- Quanto às pressões biológicas, as plantas terrestres foram as espécies invasoras mais representativas (31%), seguida dos peixes (21%), e dos moluscos e crustáceos (15%).
A ficha temática “Pressões sobre os recursos hídricos” analisa as pressões qualitativas, hidromorfológicas e biológicas exercidas sobre os recursos hídricos.
O conhecimento das cargas rejeitadas sobre os recursos hídricos permite compreender a relação causa-efeito sobre o estado das massas de água e aferir as melhores medidas dirigidas a essas pressões de forma a atingir os objetivos ambientais.
Para sistematizar os tipos de pressões são considerados os seguintes grupos: Pressões quantitativas (analisado na ficha temática “Escassez de água”), Pressões qualitativas, Pressões hidromorfológicas e Pressões biológicas.
Entre os principais impactes resultantes das pressões qualitativas referem-se o enriquecimento das águas com nutrientes com consequente eutrofização, reconhecido como um dos mais importantes problemas da qualidade água. Atualmente é também consensual que a poluição química das águas superficiais pode causar toxicidade aguda e crónica nos organismos aquáticos, acumulação no ecossistema e perda de habitats e de biodiversidade, para além de constituir uma ameaça para a saúde humana. De referir, ainda, a crescente importância dos microplásticos e dos poluentes emergentes, cada vez mais presentes na sociedade atual e com impactes potencialmente significativos no estado das massas de água, salientando-se a necessidade de serem tomadas medidas, não apenas em fim de linha, através da implementação de tratamento adicional nas ETAR, mas principalmente na origem, através da prevenção, aspetos em discussão na Comissão Europeia.
As pressões hidromorfológicas, causadas por ações e atividades promovidas pelo Homem, correspondem a alterações do regime hidrológico e a modificações nas caraterísticas físicas das massas de água superficiais (leito e margens dos cursos de água, estuários e orla costeira); sendo consideradas as seguintes tipologias:
- Barragens e açudes;
- Diques de proteção lateral e respetivas válvulas/comportas;
- Obras de proteção costeira como os esporões, quebra-mares e molhes;
- Alterações do leito e da margem com desvios e regularização de linhas de água;
- Canalizações e entubamentos das linhas de água;
- Pontes, viadutos, pontões e passagens hidráulicas;
- Transvases e desvio de caudais para diversos usos;
- Marinas, fluvinas, cais e outras estruturas para apoio de embarcações;
- Dragagens, desassoreamento e remoção de substratos aluvionares (extração de inertes), com consequente deposição de sedimentos e realimentação artificial de praias.
As principais pressões biológicas identificadas encontram-se associadas à crescente introdução de espécies exóticas invasoras (EEI), cenário que se verifica tanto em massas de água interiores, como em massas de água de transição e costeiras. Pontualmente adquire também importância a remoção/exploração de espécies, em particular no que respeita à captura de fauna piscícola migradora, sobretudo em massas de água de transição.
Em Portugal está atualmente identificada uma grande diversidade de espécies exóticas, muitas das quais são consideradas invasoras nos termos do Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10 de julho.
O estabelecimento de EEI pode acarretar alterações nas dinâmicas das comunidades (por predação, competição, introdução de doenças e parasitas) e perda de diversidade por hibridação, mas também alterações físicas dos sistemas, com perda de habitats, alteração dos ciclos de nutrientes e degradação da qualidade da água, bloqueio de sistemas de drenagem e infraestruturas associadas a aproveitamentos hidráulicos em geral, prejuízos para a navegação e atividades recreativas e perda de valor paisagístico, entre outros (Silva et al., 2018). Assim, a presença de espécies exóticas, principalmente as invasoras, pode contribuir diretamente para a degradação do estado ecológico de uma massa de água, colocando em risco o cumprimento dos objetivos ambientais estabelecidos no artigo 4.º da Diretiva Quadro da Água (Diretiva 2000/60/CE, DQA).
O equilíbrio e sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos pode também ser colocado em causa em resultado da introdução e propagação de doenças, que podem provocar impactes relevantes sobre as espécies nativas, em resultado da ausência de agentes de regulação natural nos ecossistemas e/ou da ausência de adaptação evolutiva que permita dotar as espécies de mecanismos de proteção. Outras doenças, apesar de serem endémicas, podem adquirir uma maior relevância e capacidade de provocar impactes em resultado de alterações das condições ambientais ou da interação com outras fontes de pressão, como sejam as alterações climáticas ou as próprias alterações da ocupação e usos do solo.
A pesca constitui a principal pressão direta sobre as comunidades biológicas no que respeita à exploração e remoção de recursos, podendo afetar direta ou indiretamente o funcionamento dos ecossistemas aquáticos, nomeadamente através de alterações na sua estrutura trófica. Para além das espécies alvo destas práticas, a remoção de animais com fins comerciais pode, ainda, resultar em impactes sobre outras espécies e habitats, em particular pelo uso de métodos de captura não seletivos, como o arrasto.
Conceitos «Pressões quantitativas», as referentes às atividades de captação de água para fins diversos, nomeadamente para a produção de água destinada ao setor urbano (abastecimento público e consumo humano), indústria, agricultura, pecuária, aquicultura, produção de energia e turismo, entre outros. «Pressões qualitativas pontuais», as cargas resultantes das rejeições de águas residuais nos recursos hídricos com origem nos setores de atividade, tais como urbano, industrial, pecuária, aquícola, turismo, de instalações de deposição de resíduos, entre outros. «Pressões qualitativas difusas», as cargas que possam afetar os recursos hídricos, resultantes de fenómenos de lixiviação, percolação ou escorrência, provenientes de áreas urbanas, de áreas agrícolas, de campos de golfe, da aplicação de lamas de depuração e de efluentes pecuários na valorização agrícola e, ainda, da indústria extrativa, incluindo as minas abandonadas, entre outros. «Pressões hidromorfológicas», as associadas a alterações físicas nas áreas de drenagem, nos leitos e nas margens dos cursos de água e dos estuários, com impacte nas condições morfológicas, continuidade fluvial e no regime hidrológico dessas massas de água. «Pressões biológicas», as pressões de natureza biológica que podem ter impacte direto ou indireto nos ecossistemas aquáticos, como por exemplo a introdução de espécies exóticas e invasoras. |
Contribuição para os ODS
- Conhecer as pressões qualitativas pontuais e difusas em cada massa de água;
- Conhecer as pressões hidromorfológicas e biológicas em cada massa de água;
- Diminuir o impacte dessas pressões no estado de cada massa de água, com base na implementação das medidas.
A informação constante nesta ficha resulta da análise de pressões realizada nos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) do 3.º ciclo. Os dados das pressões pontuais qualitativas têm como ano de referência 2018.
Cargas do setor urbano (CBO5, CQO, fósforo total e azoto total)
Cargas do setor industrial (CBO5, CQO, fósforo total e azoto total)
Cargas dos setores agrícola e pecuário (fósforo total e azoto total)
As cargas provenientes da agricultura apresentaram valores de azoto muito significativos, comparando com o fósforo, principalmente nas RH do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A), do Douro (RH3) e do Guadiana (RH7), enquanto as cargas provenientes da pecuária apresentaram valores de azoto significativos, mas também de fósforo, principalmente nas RH do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A) e Vouga, Mondego e Lis (RH4A).
Cargas poluentes
Cargas de CQO por setor
Cargas de CBO5 por setor
Cargas de N total por setor
Cargas de P total por setor
Analisando de forma global, a carga poluente por azoto foi a mais representativa (52%), seguida da CQO (27%). O setor urbano foi o principal responsável pelas cargas relativas de CQO e Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO), com 63% e 83%, respetivamente. Quanto ao N e P, o setor pecuário foi o responsável pela carga destes nutrientes, com 63% e 86%, respetivamente.
Nas pressões hidromorfológicas foi realizada uma sistematização da informação existente até à data de elaboração do PGRH (2021), apresentando-se as principais tipologias identificadas.
Distribuição das pressões hidromorfológicas por tipologias
Pressões hidromorfológicas por RH
Em termos de pressões hidromorfológicas verifica-se que, a tipologia mais representativa foram as barragens e açudes (58%), seguida das pontes e viadutos (31%), sendo as RH do Guadiana (RH7) e do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A) as que apresentaram maior número de intervenções.
Nas pressões biológicas foi realizada uma sistematização da informação existente até à data de elaboração do PGRH (2021), estando as principais espécies identificadas.
Pressões biológicas
Pressões biológicas por RH
Quanto às pressões biológicas, foram as plantas terrestres as espécies invasoras [RH do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A)] mais representativas (33%), seguidas dos peixes (22%), e dos moluscos e crustáceos (14%).
- Dados respeitantes a: Portugal continental.
- Periodicidade de atualização: seis em seis anos, na sequência da elaboração dos Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas.
Agência Portuguesa do Ambiente – Água
Agência Portuguesa do Ambiente – 3.º Ciclo de planeamento (2022-2027)
Geovisualizador dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (3.º Ciclo)