De acordo com o Eurostat, a repartição modal do transporte de mercadorias em Portugal é dominada pelo transporte rodoviário que, em 2019, representou 87%, mais 12,4 p.p. do que na UE-28. Por outro lado, a importância do transporte ferroviário é superior na Europa, correspondendo a 17,6% do transporte de mercadorias, enquanto em Portugal se situa apenas nos 13%.
Transporte de mercadorias
A União Europeia (UE) colocou como objetivo dissociar a mobilidade dos seus efeitos negativos sobre a saúde humana e o ambiente. O sector dos transportes é uma das principais fontes de gases com efeito de estufa (GEE) e também provoca elevados níveis de poluição do ar bem como de ruído, que podem danificar gravemente a saúde humana e os ecossistemas.
Quando se considera o impacte ambiental do transporte de mercadorias, a repartição modal ganha especial importância devido às diferenças de desempenho ambiental entre os diversos modos de transporte – nomeadamente ao nível do consumo de recursos, das emissões de GEE e de poluentes e do ruído.
Embora a repartição modal esteja associada a diversos fatores, como o tipo de mercadoria, os requisitos específicos de transporte e o tipo de transporte disponível, a verdade é que alguns transportes causam maiores impactes negativos sobre o ambiente do que outros. Comparando o transporte rodoviário com o ferroviário, este último é mais eficiente em termos de volume de carga transportada por quantidade de energia utilizada e maioritariamente menos poluente.
Esta ficha temática diz respeito a Portugal continental, Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores e será atualizada anualmente.
- O Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas 2014-2020, divulgado em abril de 2014 e revisto em junho de 2015, estabelece um conjunto de metas, de entre as quais se destaca aumentar 40% o número de toneladas por quilómetro transportadas no modo ferroviário, até 2020;
- O Livro Branco dos Transportes, adotado pela Comissão Europeia em 2011, propõe transferir para outros modos, como o ferroviário ou o marítimo/fluvial, até 2030, 30% do tráfego rodoviário de mercadorias em distâncias superiores a 300 km, e mais de 50% até 2050, com a ajuda de corredores eficientes e ecológicos;
- O Plano Nacional Energia e Clima para 2030 (PNEC 2030), elaborado na sequência do Regulamento UE 2018/1999, define, entre outros, os objetivos de promover a produção e consumo de combustíveis renováveis alternativos, em particular para os setores de transporte rodoviário pesado de mercadorias de longa distância, pesados de passageiros, setor marítimo de mercadorias e aviação, e de promover o transporte de mercadorias por via ferroviária e marítima.
Distribuição modal do transporte de mercadorias, em Portugal
Distribuição modal do transporte de mercadorias, na UE-28
Mercadorias transportadas, por modo de transporte
O transporte de mercadorias apresentou em 2020 uma redução acentuada em todos os modos de transporte, na sequência das restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
O transporte rodoviário continuou a ser predominante, atingindo os 131,5 milhões de toneladas de mercadorias em 2020 (24,4 mil milhões de toneladas por quilómetro [tkm]). A taxa de variação das toneladas transportadas foi de -10,6% em 2020, face a 2019 (em 2019 tinha sido de -8,4% em relação ao ano anterior).
O movimento de mercadorias por transporte ferroviário diminuiu 10,6% em 2020 (totalizando 8,7 milhões de toneladas), após uma redução de 2,2% em 2019. Em termos de volume de transporte (toneladas-km) observou-se uma descida de 3,1% face ao ano anterior.
Relativamente ao transporte marítimo, verificou-se uma redução de 6,7% nas toneladas movimentadas, atingindo-se cerca de 73,8 milhões de toneladas de mercadorias.
O transporte aéreo de mercadorias manteve-se como o menos significativo dos modos, alcançando 133 mil toneladas nos aeroportos internacionais e registando o maior decréscimo anual (-31,5%).
Distribuição modal do transporte de mercadorias, exportações de Portugal, em 2020
O volume das exportações totalizou, em 2020, 36,9 milhões de toneladas de mercadorias, o que representa um decréscimo de 5,6% (+1,0% em 2019). A via marítima representou 51,5% do volume foi transportado, seguindo-se a via rodoviária que assegurou a exportação de 43,2% do total transportado. A via aérea movimentou 1,7% do total da quantidade exportada, ao passo que o transporte ferroviário representou apenas 0,5% do total de toneladas exportadas.
Nos principais modos de transporte de mercadorias, as vias marítima e rodoviária, registaram-se reduções de 2,5% e 5,4% nas quantidades exportadas, respetivamente. O valor de exportação para estes modos de transporte evidenciou decréscimos de 16,4% (via marítima) e 6,2% (via rodoviária).
Por via ferroviária verificou-se uma redução nas quantidades exportadas de 12,7%, face a 2019, que não teve impacte no valor de exportação, que aumentou 3,6%.
As exportações por via aérea sofreram a maior diminuição da quantidade exportada, -56,2%, que correspondeu a uma redução de 29,3% no valor de exportação.
Distribuição modal do transporte de mercadorias, importações para Portugal, em 2020
Em 2020 as importações de mercadorias totalizaram 55,5 milhões de toneladas, o que correspondeu a um decréscimo de 10,7% (-0,9% em 2019).
Das mercadorias importadas, 32,3 milhões de toneladas (58,1% da quantidade total) entraram no País por via marítima (-15,5% do que em 2019). A rodovia foi o segundo modo de transporte mais utilizado, assegurando a importação de 19,9 milhões de toneladas, o que corresponde a 35,9% do total importado (-2,2% do que em 2019).
No modo ferroviário verificou-se uma diminuição de 6,9% nas quantidades importadas, enquanto a via aérea registou uma redução de 14,3%.
Em 2020 o valor das importações de mercadorias atingiu 68,1 mil milhões de euros, o que corresponde e uma redução de 14,8% face ao ano anterior (+6,0% em 2019).
Instituto da Mobilidade e dos Transportes – https://www.imt-ip.pt/
Instituto Nacional de Estatística – https://www.ine.pt/
Eurostat - https://ec.europa.eu/eurostat/data/database