Da análise do consumo de energia primária por fonte energética resulta que, muito embora se mantenha a tendência de diminuição do seu peso relativo, o petróleo e seus derivados permanecem a fonte energética mais utilizada, representando 40,6% do consumo de energia primária em 2021. Como segunda fonte energética mais utilizada seguiu-se o gás natural, com 23,9%. Em terceiro lugar encontra-se a biomassa com 15,5%, seguida da energia elétrica com 14%. Como já referido, registou-se uma redução significativa no consumo de carvão, correspondendo em 2021 a apenas 0,9% do total do consumo de energia primária (em 2020 foi de 2,7%).
Produção e consumo de energia
A ficha temática “Produção e consumo de energia” analisa a evolução da produção e consumo de energia (balanço energético), do consumo de energia primária por fonte de energia utilizada e da dependência energética de Portugal.
Descrição:
As relações existentes entre o ambiente e o setor energético são particularmente relevantes. A produção e o consumo de energia são responsáveis, direta e indiretamente, por alguns dos principais impactes negativos da atividade humana sobre o ambiente. Entre estes destacam-se os problemas associados às emissões para a atmosfera de gases com efeito de estufa (GEE), bem como de outros poluentes, como o dióxido de carbono, o dióxido de enxofre e os óxidos de azoto.
Apesar dos esforços realizados na exploração do grande potencial associado às energias renováveis, e das assinaláveis melhorias que daí decorreram, Portugal é ainda largamente dependente do exterior no que respeita à produção de energia. Sendo um país de escassos recursos energéticos de origem fóssil, a fatura decorrente da sua importação tem ainda um peso substancial, económica e ambientalmente, que importa reduzir cada vez mais.
Os transportes e a indústria são, juntamente com o setor eletroprodutor, os setores de atividade com maior peso no consumo final de energia, sendo por isso os maiores contribuintes para pressões ambientais como as alterações climáticas, na base do aquecimento global.
Igualmente central para o alívio das pressões ambientais são as políticas e medidas destinadas não só a incrementar a produção de energia a partir de fontes renováveis (reduzindo o recurso a energia de origem fóssil), mas também incrementar a eficiência energética, entendida como a otimização da utilização de energia – trata-se de obter, para um mesmo nível de desempenho ou conforto, um menor consumo de energia.
Medidas tendentes a garantir o mais elevado nível de eficiência energética possível, devem estar presentes nas fases de produção, transformação, transporte, distribuição e utilização da energia. A utilização racional da energia depende de alterações no comportamento dos consumidores (papel importante da literacia energética), que deverão ser complementadas com tecnologias e/ou processos que se traduzam numa redução de consumos.
Esta ficha temática diz respeito a Portugal continental, Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e é atualizada anualmente.
Objetivos:
- Em 2016, a Comissão Europeia apresentou o Pacote Legislativo “Energia Limpa para todos os Europeus” com o objetivo de promover a transição energética na década 2021-2030, e aprovou, no Regulamento (UE) 2018/1999, metas que visam alcançar, em 2030, 32% de quota de energia proveniente de fontes renováveis no consumo final bruto, 32,5% de redução do consumo de energia, 40% de redução das emissões de GEE relativamente aos níveis de 1990, e 15% de interligações elétricas.
- Nesta sequência, Portugal elaborou o Plano Nacional Integrado de Energia e Clima para o horizonte 2030 (PNEC 2030), o principal instrumento nacional de política energética e climática para a década 2021-2030. O PNEC 2030 estabelece as seguintes metas nacionais para 2030: reduzir entre 45% e 55% as emissões de GEE, por referência às emissões registadas no ano de 2005; incorporar 47% de energia de fontes renováveis no consumo final bruto de energia; atingir uma redução de 35% do consumo de energia primária com vista a uma melhor eficiência energética; atingir 15% de interligações de eletricidade.
- Entretanto, em julho de 2021, a Comissão Europeia apresentou um conjunto de propostas legislativas, o Pacote “Fit-for-55”, destinadas a rever e atualizar a legislação da União Europeia (UE) e a criar iniciativas com o objetivo de assegurar que as políticas da UE estejam em consonância com os objetivos associados à iniciativa “European Green Deal”, procurando aumentar a ambição em matéria de energia e clima, com o objetivo de reduzir as emissões de GEE na UE em 55% até 2030 e, consequentemente, aumentar ambição na eficiência energética, entre outros vetores energéticos, estando ainda em negociação a revisão da Diretiva da Eficiência Energética.
Análise da evolução:
O consumo de energia durante o ano de 2021 continuou a ser influenciado pela pandemia por COVID-19, que provocou alterações nos hábitos dos portugueses em todos os setores de atividade. O consumo de energia final aumentou relativamente a 2020, tendo o consumo de energia primária estabilizado.
O setor mais afetado pela pandemia por COVID-19 continuou a ser o da aviação civil com uma quebra de 52% face a 2019, mas tendo aumentado 28% relativamente a 2020. Também no consumo do transporte rodoviário se verificou um aumento de 8,5%, que tinha sido fortemente reduzido durante 2020 (15%).
Evolução do consumo de energia primária por fonte energética
Notas: P - dados provisórios
Fonte: DGEG, 2022
Evolução do balanço energético: importações, produção doméstica e consumos de energia primária e de energia final
Fonte: DGEG, 2022
Em 2021, a análise do balanço energético nacional de 2021 continua a evidenciar o peso das importações de energia (20,67 Mtep), exibindo uma ligeira diminuição de 0,3% face a 2020. Por outro lado, a produção doméstica apresentou um aumento face ao ano anterior (3,4%), situando-se nos 6,882 Mtep.
No que diz respeito ao consumo de energia, verificou-se que em 2021 o consumo de energia final aumentou 4,8% relativamente a 2020, devido essencialmente ao aumento do consumo de combustíveis rodoviários e no transporte aéreo, em face da recuperação relativamente ao ocorrido em 2020, devido ao 1.º ano da pandemia por COVID-19. O consumo de energia primária teve um ligeiro aumento face ao ano anterior, devido sobretudo ao contributo do saldo importador de eletricidade. O consumo de energia primária do carvão de origem fóssil diminuiu 65,4% em relação ao ano anterior, devido à menor utilização nas centrais termoelétricas, sendo de salientar que a produção de eletricidade a partir do carvão terminou em novembro de 2021.
Evolução da dependência energética nacional
Notas: P - dados provisórios
Fonte: DGEG, 2022
A dependência energética em 2020 atingiu um valor de 65,8%, historicamente mais baixo, registando-se uma redução de 8,4 pontos percentuais face a 2019. Esta redução deveu-se essencialmente à quebra do consumo final de energia devido ao impacto da pandemia por COVID-19, à redução da importação de carvão para produção de eletricidade e ao aumento da produção doméstica de energia a partir de fontes renováveis.
Para 2021, o valor provisório da dependência energética é de 67,1%, sendo a subida face a 2020 devida sobretudo ao aumento do saldo importador.
Última atualização:
Terça, 23 Maio, 2023
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