Escassez de água

  • As disponibilidades hídricas apresentam grande variabilidade ao longo do continente, sendo as Regiões Hidrográficas (RH) do Douro (RH3) e do Tejo e Ribeiras do Oeste (RH5A) as que apresentam maiores disponibilidades.
  • Existem grandes diferenças de disponibilidades hídricas superficiais num ano seco e num ano médio, sendo que, na RH do Sado e Mira (RH6), esse volume em ano seco representa 9% do volume em ano médio, e na RH das Ribeiras do Algarve (RH8) esse valor é de 19%.
  • Os setores com maior consumo de água são o agrícola (70%) e o urbano (13%).
  • Em Portugal continental o índice de escassez no período 1930-2015 foi de 30%, enquanto que para o período 1989-2015 foi de 34%, indicando que o país se encontra numa situação de escassez elevada, agravada no período mais recente.
  • As RH com índice de escassez mais elevado são a do Sado e Mira (RH6) e a das Ribeiras do Algarve (RH8) com 74% e 66%, respetivamente.
Descrição: 

A ficha temática “Escassez de água” analisa as disponibilidades hídricas em Portugal continental e as pressões quantitativas exercidas sobre as massas de água.

As pressões quantitativas são as referentes às atividades de captação de água para fins diversos, nomeadamente para a produção de água destinada ao setor urbano (abastecimento público e consumo humano), indústria, agricultura, pecuária, aquicultura, produção de energia e turismo, entre outros.

O conhecimento das disponibilidades hídricas permite uma gestão mais sustentável dos recursos, atendendo a que a variabilidade climática que caracteriza Portugal gera situações frequentes de secas e cheias.

As disponibilidades hídricas em regime natural referem-se ao volume disponível para escoamento superficial imediato à precipitação e para recarga de aquíferos, podendo ser definida como a diferença entre a precipitação e a evapotranspiração real. À escala anual, pode considerar-se que a disponibilidade hídrica natural é sensivelmente igual ao escoamento uma vez que, de um modo geral, os aquíferos não têm capacidade de regularização interanual de escoamento. A transferência de volume de água entre períodos de tempo, ou regularização de afluências, permite uniformizar as disponibilidades, considerando-se neste caso as disponibilidades em regime modificado. Estas últimas são, por isso, indissociáveis da distribuição dos consumos e do esquema de operação dos reservatórios.

A assimetria das disponibilidades hídricas em Portugal é bastante elevada tanto em termos espaciais, como sazonais e anuais. Como consequência desta variabilidade, é fundamental dispor de capacidade de armazenamento de águas superficiais e subterrâneas, e em paralelo gerir os consumos de forma sustentável adaptando-os às disponibilidades de cada região, considerando ainda, previamente, as necessidades associadas à manutenção dos ecossistemas. Em situações extremas de seca prolongada, as disponibilidades de água serão reduzidas podendo-se agravar as situações de escassez, pelo que se torna necessário promover as medidas de resiliência e redução do risco associado para garantir os usos prioritários e a preservação dos ecossistemas.

A escassez hídrica define-se por um desequilíbrio entre a procura e a oferta de água em condições sustentáveis, com base em análises efetuadas a longo prazo. A forma mais expedita de proceder à sua avaliação passa pela realização de um balanço hídrico, aferindo-se assim os níveis de garantia ou de vulnerabilidade. A escassez hídrica pode ser um fenómeno conjuntural, quando associada a curtos períodos de tempo e motivada pela redução temporal das disponibilidades ou aumento da procura, ou estrutural, quando a procura de modo cíclico ou frequente excede o recurso mobilizável.

O índice de escassez permite relacionar as disponibilidades com as necessidades e, assim, considerando a procura em relação à oferta, aferir se existe escassez em cada região hidrográfica[1] (RH).

O índice de escassez WEI+ surge na sequência do WEI (Water Exploitation Index), que corresponde à razão entre a procura média anual de água e os recursos médios disponíveis a longo prazo e permite avaliar a escassez hídrica a que se encontra sujeito um território. O WEI+ tem por objetivo complementar o WEI, incorporando no cálculo da vulnerabilidade a situações de escassez, os retornos de água ao meio hídrico, bem como os caudais ambientais ecológicos, dividindo-se em seis categorias.

 

Categorias do índice WEI+

 

Contribuição para os ODS 

 


1 RH1 - Região Hidrográfica do Minho e Lima; RH2 - Região Hidrográfica do Cávado, Ave e Leça; RH3 - Região Hidrográfica do Douro; RH4A - Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis; RH5A - Região Hidrográfica do Tejo e Ribeiras do Oeste; RH6 - Região Hidrográfica do Sado e Mira; RH7 - Região Hidrográfica do Guadiana; RH8 - Região Hidrográfica das Ribeiras do Algarve.

 

Objetivos: 
  • Aumentar o conhecimento sobre as disponibilidades hídricas em ano seco e em ano médio;
  • Aumentar o conhecimento sobre os volumes captados anuais e mensais, por setor;
  • Diminuir a escassez por RH através de medidas de adaptação.
Análise da evolução:

A avaliação das disponibilidades hídricas superficiais em regime natural foi realizada por modelação hidrológica para produzir séries de escoamento mensal a partir das séries de precipitação e de evapotranspiração potencial.

Uma vez que as variações de escoamento, como resultado da precipitação, têm sofrido grandes alterações, dividiu-se o período de referência (1930-2015) entre 1930-1988 e 1989-2015 para melhor se observarem as diferenças do escoamento médio para estes períodos.

Última atualização: 
Quinta, 8 Agosto, 2024