Balanço de nutrientes (azoto e fósforo)
A ficha temática “Balanço de nutrientes (azoto e fósforo)” analisa a evolução do efeito no ambiente da aplicação de fertilizantes no solo.
Descrição:
A manutenção de um equilíbrio saudável entre os nutrientes incorporados no solo e os nutrientes removidos pelas plantas é essencial, já que um défice de nutrientes no solo pode provocar um problema de fertilidade, com as consequentes implicações na qualidade das culturas, e um excesso de nutrientes poderá originar situações de poluição, não apenas do solo mas também da água e do ar.
O balanço bruto de nutrientes é um indicador de tendência que identifica a ameaça potencial de excesso ou défice do azoto e do fósforo à superfície do solo. Resulta da diferença entre a incorporação destes nutrientes no solo e a sua remoção pelas culturas, fornecendo informação sobre a inter-relação entre o uso sustentável dos recursos nutricionais do solo, o uso de fertilizantes agrícolas (inorgânicos e orgânicos) e as respetivas perdas para o ambiente.
Esta ficha temática diz respeito a Portugal e é atualizada anualmente.
Objetivos:
- O balanço bruto de nutrientes no solo agrícola é utilizado para efeitos da Diretiva Quadro da Água e da Diretiva Nitratos, e para o acompanhamento dos progressos para uma Europa eficiente em termos de recursos, para o objetivo temático “Terras e Solos” (Painel de Eficiência de Recursos da UE);
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É também utilizado como indicador de impacto para a qualidade da água no âmbito dos apoios concedidos pelos Programas de Desenvolvimento Rural, através de ações de suporte a uma “melhor gestão do uso de nutrientes na agricultura”, de que se destacam:
- Apoiar práticas agrícolas ou florestais que contribuam para a melhoria do ambiente e conservação dos recursos (água, solo, ar), em articulação com uma produção agrícola sustentável e competitiva;
- Garantir uma nutrição adequada das culturas, corrigindo eventuais carências e evitando excessos de nutrientes, por forma a proporcionar produções de elevada qualidade, ao mesmo tempo que se preserva a qualidade do solo, da água e do ar;
- Adotar técnicas adequadas de fertilização, tendo em consideração os diversos fatores que intervêm na dinâmica do azoto e do fósforo no solo, por forma a favorecer a sua absorção pelas culturas e a reduzir ao máximo as suas perdas nas águas de escoamento e/ou de infiltração, bem como nas emissões para o ar;
- A Estratégia do Prado ao Prato estabelece os objetivos da UE para redução das perdas de nutrientes em pelo menos 50% e do uso de fertilizantes em pelo menos 20% até 2030, garantindo ao mesmo tempo que não haja deterioração da fertilidade do solo. Os atuais Programas de Desenvolvimento Rural da UE, bem como as intervenções programadas no Plano Estratégico da Política Agrícola Comum em Portugal (PEPAC 2023-2027), contribuem para o alcance destes objetivos, estes últimos com indicadores de resultado do apoio dado à melhoria da gestão sustentável dos nutrientes, nomeadamente pela adoção de boas práticas na aplicação de azoto e fósforo (em área e número de projetos).
Análise da evolução:
Evolução do balanço do azoto (1997-2021)
Notas: p - dados provisórios
Fonte: Estatísticas Agrícolas - 2021; INE, 2022
Balanço de azoto no solo agrícola
Notas: p - dados provisórios
Fonte: Estatísticas Agrícolas - 2021; INE, 2022
Em 2021 o balanço bruto do azoto (N) resultou num excedente de 142,6 mil toneladas, o que equivale a 36 kg de azoto por hectare de superfície agrícola utilizada (SAU). Apresenta um decréscimo de 13% face ao ano anterior (em 2020, 163,8 mil toneladas N e 41 kg N/ha SAU), com mais 4,1% de remoção pelas culturas (7,3 mil toneladas) e menos 4,0% de incorporação no solo (13,8 mil toneladas).
No total do período (1997-2021) o potencial do risco de perdas do azoto à superfície do solo decresceu em 27% (balanço bruto), verificando-se que o total das perdas diminuiu 20% (balanço líquido). A transferência do risco para o ar (emissões de amoníaco e de óxidos de azoto provenientes da atividade agrícola) apresenta tendência estável (variações de 14-16% da quantidade incorporada).
Nos últimos 10 anos (2011-2021), a tendência do balanço bruto do azoto apresenta ligeiras variações com decréscimo no total da série (menos 2%), o qual ganha maior significado no equivalente por hectare de SAU (menos 10%). As variações parecem refletir o impacto na atividade económica da crise financeira (2013) e subsequente recuperação (2014 e 2016).
Esta tendência decrescente consolida-se nos últimos 3 anos (menos 17% para os dois indicadores), incluindo quanto à capacidade de remoção de N do solo pelas culturas (em 2021, de 57% da quantidade incorporada), o que aponta para o efeito do incremento da adoção de boas práticas com impacto na aplicação de azoto, apoiadas pelo Programa de Desenvolvimento Rural 2024-2020 (PDR2020), podendo a queda em 2021 estar também relacionada com o aumento dos preços dos fertilizantes.
Evolução do balanço do fósforo (1997-2021)
Notas: p - dados provisórios
Fonte: Estatísticas Agrícolas - 2021; INE, 2022
Balanço de fósforo no solo agrícola
Notas: p - dados provisórios
Fonte: Estatísticas Agrícolas - 2021; INE, 2022
O balanço do fósforo (P) contabilizou, em 2021, um excedente de 8,1 mil toneladas, o que equivale a 2 kg de fósforo por hectare de SAU. Apresenta um decréscimo de 33% face ao ano anterior (em 2020: 12,2 mil toneladas P e 3 kg P/ha SAU), com mais 11,7% de remoção pelas culturas (4,2 mil toneladas) e mais 0,3% de incorporação no solo (0,1 mil toneladas).
No total do período (1997-2021) o potencial do risco de perdas do fósforo à superfície do solo decresceu em 75%. Nos últimos 10 anos (2011-2021), a tendência do balanço bruto do fósforo cresce até 2016, após o que desce significativamente tanto para o fósforo total (menos 60%) como para o aplicado no solo agrícola (menos 63%).
Nos últimos 3 anos verifica-se igualmente uma tendência decrescente (menos 22% para os dois indicadores), incluindo quanto à capacidade de remoção de fósforo do solo pelas culturas (em 2021, de 89% da quantidade incorporada), o que confirma o efeito da adoção de boas práticas com impacto na aplicação de fósforo apoiadas pelo PDR2020.
Evolução do consumo aparente de fertilizantes inorgânicos por SAU
Notas: p - dados provisórios
Fonte: Estatísticas Agrícolas – 2021; INE, 2022
O consumo aparente de fertilizantes inorgânicos (N, P e K), componente relevante da parcela incorporação dos balanços brutos de azoto e fósforo, verifica variações na série de dados por SAU, com redução de 46% face a 1995 (máximo registado em 1996 e mínimo em 2009, respetivamente de 88 e 39 kg/ha) e uma tendência estável de decréscimo a partir de 2014 (menos 25%).
Em 2021 este consumo foi de 43 kg/ha de SAU, o que representa uma redução de 2% face a 2020.
Última atualização:
Sexta, 19 Maio, 2023